sábado, 2 de fevereiro de 2013

ÁLAMOS: 50 ANOS EM LISBOA


José Veloso (baixo e voz), Luís Monteiro (bateria), Luís Filipe Colaço (solo, harmónica e voz) Duarte Brás (voz e guitarra-ritmo).

Conjunto ié-ié de Coimbra, os Álamos celebraram hoje à noite 50 anos na Casa dos Açores, em Lisboa, com muita música, champanhe, cobrança de dívida de 1963 e "encores preparados".

Zé Veloso, organizador do evento, brilhou no baixo, nas segundas vozes (1ª em "If You Need Me") e no "contexto" (literal).

Luís Filipe Colaço foi grande no solo e na harmónica (portento em "I Can't Stop Loving You").

Duarte Braz dedilhou bem a guitarra-ritmo e segurou bem a voz, mesmo quando se perdeu com as folhas no "encore" de "Crying Time" (mesmo preparado).

Luís Monteiro, benjamim do conjunto, orgulhoso da sua t-shirt dos Beatles, tocou bateria à revelia do seu médico (está em convalescença de uma intervenção cirúrgica) e pôs-se de pé para a melhor interpretação da noite, "Colours" (na minha opinião, é claro!).

Durante a récita, os Álamos tocaram "The Young Ones" (duas vezes), "Be-Bop-A-Lula" (duas vezes), "Apache", "Sleepwalk", "Cryin' Time" (duas vezes), "Detroit City", "I Should Have Known Better", "Baby It's You", "Greenback Dollar" (duas vezes), "Nivram", "Cosy", "Massachussets", "I Can't Stop Loving You", "All My Sorrows", "Mr. Tambourine Man", "If You Need Me", "Colours", "Sloop John B", "The Great Pretender" (com a ajuda do povo) e "I Saw Her Standing There" (duas vezes, é o "amen" do conjunto).

A sala estava cheia e meteu bailarico.

José Veloso intervalava a "série de 3 canções" com explicações várias sobre o conjunto, revelando nomeadamente que não tocavam juntos há uns 45 anos.

Explicou que os Álamos eram uma "espécie de choupos", um "conjunto de bacalhaus" (referência à forma das guitarras) e que durante os seus 7 anos de existência tocaram em todo o território continental, mas também na Madeira, Açores e em Angola.

"Dissolvemo-nos em 1969, sem se perceber como, talvez devido à crise académica, à tropa".

"Éramos um conjunto de baile e, graças a Deus, os bailes não faltavam, nas Faculdades, nos Liceus, nas Queimas, nas Associações. Ao princípio éramos muito Shadows, mas depois os Beatles tomaram conta disto tudo".

José Veloso, que era à época o tesoureiro dos Álamos, foi contando histórias.

Numa delas, referiu a existência de um "calote de 100 escudos" da organização do baile do 6º Ano Médico.  De imediato, salta da assistência um "jovem grisalho": "Eh pá, isso agora dá 50 cêntimos. Toma lá!".

E pagou a dívida! Tinha sido, há 50 anos, o organizador desse baile, José Augusto Antunes, actualmente médico pediatra.

E, claro, com a espuma do champanhe, gritou-se o FRA, grito tradicional dos estudantes de Coimbra.

Luís Pinheiro de Almeida

6 comentários:

filhote disse...


Avaliando pelos discos - nunca os vi ao vivo -, os Álamos são um dos conjuntos Ié-Ié que eu mais gosto.

Venham mais 50!!!

Jack Kerouac disse...

Pena estas coisas só serem divulgadas em círculos muito fechados

filhote disse...


Subscrevo, Jack.

ié-ié disse...

mas, creio, só subscreves por solidariedade, Filhote.

O showcase - eheh - dos Álamos foi feito com convites a família e amigos apenas pela única razão de que a sala - Casa dos Açores - nem sequer isso é. Não tem lotação de jeito.

Mas eles prometeram voltar a cantar para um público bem mais vasto.

E só vos digo: vale bem a pena vê-los!

LT

Jack Kerouac disse...

Ainda bem que estamos os 3 de acordo, é bom sinal :)

ié-ié disse...

Sobre o que se passou na Casa dos Açores (Lisboa) em Fev 2013, momento que tão bem está acima retratado pelo Luís Pinheiro de Almeida no Guedelhudos.
Os Álamos tiveram a sua primeira actuação num baile do 1.º ano de Letras, no salão da FNAT (Coimbra) nos finais de Jan ou inícios de Fev 1963. Deveriam fazer a sua despedida na Queima de 1969... que não houve, pelo que o luto nunca foi feito!
Nunca mais tínhamos tocámos juntos e o percurso de cada um tinha sido muito diferente. Por exemplo, enquanto eu nunca mais tinha visto um baixo à minha frente, o Luizinho Monteiro, nosso baterista em 1968/69, tinha ido para o estrangeiro onde se tinha profissionalizado.
Havia que fechar devidamente o ciclo que não fora fechado em 1969. E isso tinha que ser feito com os amigos de Coimbra, estivessem eles onde estivessem. Só eu e o Duarte nos encontrávamos regularmente em Lisboa. Passámos a ensaiar com o Colaço via net e a aproveitar as suas vinda, a espaço, de Angola. Fomos descobrir o Luizinho Monteiro na Noruega, a quem tínhamos perdido o rasto há 44 anos! Fizemos um primeiro ensaio de conjunto em minha casa no Verão de 2012. Os dados estavam lançados!
O que se passou não foi um concerto! Foi um encontro de amigos onde se procurou recriar o ambiente que se vivia nos bailes das Faculdades de há 50 anos atrás, intervalando as músicas com histórias que as enquadravam e nos enquadravam a nós e a outras figuras que passaram por Coimbra nos anos 60.
Fizemos duas sessões com a sala repleta de gente - uma para familiares, outra para amigos. E repetimos a dose em Junho em Coimbra, nas instalações do Tiro e Sport.
Desses encontros fizeram-se diversas gravações ad-hoc, algumas mais ou menos, outras mazinhas. Para mim - que sou perfeccionista por natureza e ando sempre à procura de fífias - um martírio completo de ouvir. Mas uma coisa posso garantir-vos: não há electrónica que consiga captar a onda que perpassa numa sala cheia de amigos que comungam da emoção de um reencontro, ainda por cima animado com boa música tocada ao vivo!