MILA CANTA YÉ-YÉ

TELECTRA - 17 010

Deixa Falar (F. Carvalho/Ivone Figueira) - Não Queiras Emendar-me (Manuel Viegas/Ivone Figueira) - Parece Mal (F. Carvalho/Ivone Figueira) - Não Sei Namorar (Manuel Viegas/Ivone Figueira)

Mila Ribeiro, artista do cinema e da TV, é aqui acompanhada pelo conjunto de Manuel Viegas.

No chamado yé-yé português, não há infelizmente voz feminina que se tivesse imposto.

Todas foram votadas ao fracasso, pela mediocridade das suas intervenções, não restando memória de alguma que tivesse tido projecção relevante, a não ser, provavelmente, Ana Maria que obteve sucesso local com o Conjunto Universitário Hi-Fi.

Ana Maria foi mesmo a primeira voz feminina que se aventurou num mundo dominado pelos homens, obrigando, inclusivamente, à alteração do nome do conjunto onde cantava, de Boys para Hi-Fi.

Guida Fernandes, Mila, Terezita Galarza, Helena Rocha, Mafalda Sofia, até mesmo Floberla Queirós, sucumbiram sem apelo nem agravo numa história que só regista a proeminência dos conjuntos tocados por homens.

Natércia Barreto foi a excepção de sucesso, mas a sua carreira foi construída a partir de Moçambique (obrigado, Jack Kerouac).

No Concurso Yé-Ye, que se realizou no Teatro Monumental, em Lisboa, em 1965/66, não há registo de qualquer participação feminina, a não ser de Isabel Amora, extra-concurso, que foi bem recebida pelo público, mas despedida friamente como papel higiénico usado.

A história não se reescreve.

E para as gerações futuras ainda foi uma figura grada do chamado nacional-cançonetismo, Madalena Iglésias, quem melhor interpretou a graciosidade do yé-yé em "Ele E Ela".

LPA