Há dias, um amigo meu perguntou-me onde e quando foi publicado o primeiro top oficial português.
Não tive resposta certa.
Referi-lhe que o Grande Prémio do Disco terá sido, em 1965, o primeiro top português, mas que nem sequer tinha a certeza disso.
Em 1969, o suplemento "A Mosca", do "Diário de Lisboa" publicava uma Bolsa do Disco, como a imagem que se reproduz.
Mas, como o meu amigo, também eu gostava de saber qual foi o primeiro top oficial português.
Já perguntei à Associação Fonográfica Portuguesa, mas ainda não obtive resposta.
Não tive resposta certa.
Referi-lhe que o Grande Prémio do Disco terá sido, em 1965, o primeiro top português, mas que nem sequer tinha a certeza disso.
Em 1969, o suplemento "A Mosca", do "Diário de Lisboa" publicava uma Bolsa do Disco, como a imagem que se reproduz.
Mas, como o meu amigo, também eu gostava de saber qual foi o primeiro top oficial português.
Já perguntei à Associação Fonográfica Portuguesa, mas ainda não obtive resposta.
36 comentários:
na anop, nos finais dos anos 70, fizemos um top de livros e discos, com o resultado das vendas em várias discotecas (era assim que se chamavam) e livrarias espalhadas pelo país fora, incluindo as regiões autónomas. julgo que terá sido esse o primeiro top verdadeiramente nacional.
O GPPFV - Grupo Português de Produtores de Fonogramas e Videogramas (antecessor da UNEVA e da AFP) foi fundado em 1976 ou 1977. A AFP apareceu em 1989. Penso que o primeiro top oficial apareceu em 1/10/1984 e corresponde ao top que era apresentado no programa "Top Disco" da RTP. Antes desse o que teve mais notoriedade foi o top da revista Música & Som (desde 1977) que era feito com base a uma consulta às principais lojas de discos portuguesas e que chegou, inclusive, a ser publicada na revista Billboard.
Só por causa de certas coisas: Je t´aime moi non plus, vendia-se livremente por cá. Não passava no rádio, claro. Mas, noutros países europeus,sem ditadura, também fora proibida.
É bom que estas coisas fiquem assentes.
http://louletania.blogs.sapo.pt/arquivo/1081556.html
JE T’AIME MOIS N’ON PLUS
**** Brigitte Bardot pediu um dia ao compositor seu amigo Serge Gainsbourg, que escrevesse uma canção de amor tão bela que ficasse para a posteridade. E Serge escreveu realmente essa canção. No entanto nunca chegou a ser interpretada pela Bardot mas sim por aquela que havia de ser a sua grande musa, Jane Birkini uma inglesinha que ele conheceu num night –club e que com ela casou em 1968.
**** A jovem , que cantava com uma voz doce e suave, fez da sua canção “ Je t’aime mois n’on plus “ um dos grandes sucessos
a nível mundial, dessa época.
**** Foi proibida a sua difusão e venda em alguns lugares do globo nomeadamente no Vaticano e em Portugal, onde o regime salazarista a apelidou de atentado aos nossos bons costumes e onde o disco era vendido às escondidas.
**** E foi assim que muitos de nós tivemos acesso a esse fruto proibido mil vezes apetecido. Não havia bailinho de estudantes ou mesmo particular, onde a canção não fosse sempre o sucesso da bailação.
**** De 1968 até agora muitas foram as vezes que a canção foi passada nas rádios, mas em Portugal só após o 25 de Abril se passou a ouvir em total liberdade. Os jovens de hoje para quem estas histórias são apenas coisas de «cotas» podem por aqui ficar com uma ideia da diferença de liberdade daqueles dias de então e os dias de hoje.
Foto: Net
Posted by palma822 at fevereiro 9, 2008 01:14 PM
"Foi proibida a sua difusão e venda em alguns lugares do globo nomeadamente no Vaticano e em Portugal,"
Se é assim como é que estava no top?
Estes pretextos para fazer proselitismo político estão a tornar-se insuportáveis.
O jornal DIário Popular publicava regularmente tops no início dos setenta, incluindo os de cá. Tenho por cá alguns exemplares.
Julgo que a revista Cine Disco/Mundo Moderno, em finais dos sessenta, também o fazia.
Quanto ao "proselitismo político", não me parece tanto assim. Antes sociologia de algibeira.
A minha, claro.
Há discos que são editados e depois são retirados do mercado.
O Zé Pedro dos Xutos colaborou no Diário de Lisboa e no suplemento "A Mosca". Já li uma entrevista dele em que era habitual ligar para as lojas de discos para fazer estes top de vendas.
Mas a propósito disso e desse incómodo com referências políticas ou para-políticas, devo censurar-me por isso?
Este disco e outros têm uma relevante conotação com os costumes da época e o modo como a sociedade e os poderes de então, incluindo a intelligentsia, lidavam com o assunto.
Censurar isso ou criticar a mera menção ao facto, aludindo o tal "proselitismo" que não sei o que significa, não me parece o mais adequado, mas não sou eu o dono do blog para estabelecer regras de conduta censórias.
Por outro lado, julgo que a amplitude de ideias políticas, sociais ou outras, alargada da direita à esquerda, não é uma diminuição de valor, antes pelo contrário.
O diapasão tem sempre que dar o mesmo tom de dó?
Depende da afinação e julgo que a polifonia, mesmo na música é mais interessante.
Por mim consigo apreciar muito mais do que a monotonia da repetição do samba de uma nota só.
O diapasão, aliás, dá-nos o tom de lá.
Perto ou longe.
http://arnaldotrindade.no.sapo.pt/biografi.htm
"... Há factos que Arnaldo Trindade recorda. O sucesso de Marino Marini no Porto aonde veio a seu convite. Foi de tal ordem que o italiano, sob versos de Alberto Uva, compôs, gravou e lançou “Ciao Porto”. De uma outra vez, uma caravana de automóveis foi à fronteira França desalfandegar “Puppet on a string” de Sandie Shaw, que também veio a seu convite a Portugal, pois se sabia que seriam vendidos discos aos milhares. A Pide, a mando da Censura vasculhou várias vezes os armazéns há procura de discos proibidos. “Tinha-os em minha casa, bem escondidos e saíam de lá a conta gotas. Mas saíam. Lembro-me de “Je t’aime, moi non plus”, do Serge Gainsbourg e da Jane Birkin. Um agente da Pide aparaceu com outros dois e imediatamente apreendeu uns pacotes. Depois, à sucapa, virou-se para mim e disse ‘esconda estes pacotes mas dê-me um disco’ ...“.
O José pode gostar do que quiser, e que lhe faça bom proveito. Mas escusa de passar o tempo a chatear os outros a dizer que dantes é que era bom. Ninguém lhe pede que faça censura, mas pode-se pedir que tenha decoro.
Até porque ninguém passa a vida a dizer ou a insinuar que agora é que é bom.
Posso estar equivocado mas não passo o tempo a chatear ninguém com o assunto de que "antes é que era bom". Até porque não era.
O assunto, porém, é uma questão de visão histórica mais correcta e em estereo, para usar a imagem musical.
Chateia-me muito mais a reescrita da História que alguns fazem, ao denegrir demasiado um regime cujo perfil não era exactamente o que alguns querem apresentar.
Por isso, é por uma simples questão de equilíbrio que aqui trago as minhas observações.
Só me espanto é que alguém se incomode tanto com isso.
Isso é que não percebo.
O problema é exactamente não perceber
Como também não percebo porque não assina o seu nome, se acaso me conhece...
Se é um problema adicional eu não entender porque é que alguém se chateia que acrescente aqui um ponto de vista que não é o dominante, pergunto-me que concepção de democracia pode existir em quem assim pensa.
Não é verdade que a venda do single "Je t'aime" tenha sido proibida em Portugal. Eu estava cá de férias (Setembro / Outubro de 1969) quando o disco saíu. Comprei dois ou três exemplares (para os amigos mais próximos) e levei-os comigo para Moçambique.
Quanto à radiodifusão não sei, mas em Lourenço Marques era transmitido todos os dias.
Além do mais este blog é um local de discussão amena sobre a música e por diversas vezes a política se mistura- e bem- sempre que os discos e os temas se proporcionam.
Nunca se ultrapassou o limite da boa educação e civilidade.
Porque motivo hei-de aceitar de bom termo que seja insuportável o que escrevo e que ando por aqui a insinuar que "dantes é que era bom"?
Isso também me chateia.
O que me parece é que se tivesse escrito que a proibição ( falsa, segundo o Rato) da venda do disco, pelo menos em determinada altura, era um sintoma da incorrigibilidade do regime, se calhar não teria o mesmo comentário sobre a insuportabilidade dos meus comentários.
A unicidade de pensamento será um valor em si?
Finalmente:
Não é a primeira nem a segunda vez que levo remoques anónimos sobre as minhas putativas opções políticas.
Isso também me chateia de modo que faço como das outras vezes:
se o autor do blog entender que sou "insuportável", faça o favor de mo dizer que serei educado o suficiente para deixar de comentar.
http://teacher.weblog.com.pt/arquivo/2004/04/
"...abril 29, 2004
Teen-agers in the 60's
(continuo a reler no Jornal Ilustrado de Agosto 1989 "O que aconteceu nos bons anos 60")
sem notar fomos ficando cada vez mais sós. Terrivelmente sós.
Talvez por isso tinha tanta graça perder noites inteiras no baile de finalistas do liceu, da faculdade. Era tão bom ouvir os Sheiks a cantar "Missing you", fazer o olhar de viés à Twiggy, aquela modelo famosa, magrinha. Para alguns, a vida corria amena, enfeitada por pequenas revoltas.
As raparigas berravam contra o uso obrigatório das meias, defendia-se o ensino misto, faziam-se penteados à Beatle, ouvia-se Françoise Hardy e quando um dia proibiram o "Je t'aime moi non plus" foi uma frustração das grandes.
Mas eles, " mancebos em idade militar" sofriam bem mais. Tanto que muitos, quase 20 mil, não resistiram e pela calada da noite fugiram para terras de França. Encontravam-se muito com os outros, os emigrantes clandestinos que, de França, só queriam francos, milhares de francos para fazer uma casinha bonitinha na serrania do Minho. Viviam lado a lado em mundos quase desconhecidos, uns a sonhar com o regresso, os outros a inventar poesias, a desenhar músicas no ar que, depois se cantavam, muito baixinho, no universo "subversivo" dos portugueses .
Quem poderá domar os cavalos do vento quem poderá domar este tropel do pensamento à flor da pele
Eram poesias lindíssimas, cheias de cor e mil significados em cantos de muita esperança. Adriano Correia de Oliveira, Manuel Alegre, Zeca Afonso, eram muitos.
Chamavam-lhes "baladeiros", queriam à viva força fazer deles gente sem graça. Nunca conseguiram calá-los, nem a eles, nem aos outros, aqueles que denunciavam a realidade imperial, nada majestosa..."
A vitimização é um truque conhecido. É mais bonito cada um assumir claramente as suas opções, em vez de disfarçar de cada vez que é apanhado.
"Ainda conservo o protótipo rejeitado (um vinil). A venda do disco, editado pela Arnaldo Trindade, decorrera como era costume: um ou dois dias nas montras das lojas e, depois da proibição pela censura, clandestinamente e ao mesmo ritmo. Ficámos, provavelmente, a dever ao Sr. Arnaldo Trindade a edição de autores como o Zeca e o Adriano, em condições comercialmente tão adversas"
CARLOS CORREIA (BÓRIS)
retirado de
http://arnaldotrindade.no.sapo.pt/musica.htm
Afinal também se passava o mesmo com os músicos estrangeiros.
--quanto aos mimos entre comentadores são (quase) sempre de evitar--
porque é que o anóminom das 16h53 não arranja um nick para sabermos se é sempre o mesmo? O comentário que deixou é bastante interessante pena é que não venha assinado. Eu coloco a carapuça qando é necessário.
porque é que o anóminom das 16h53 não arranja um nick para sabermos se é sempre o mesmo? O comentário que deixou é bastante interessante pena é que não venha assinado. Eu coloco a carapuça qando é necessário.
Não me lembro se a venda do disco esteve ou não proibida. Só posso dizer que se ouvia e dançava (oh!, se se dançava), sem quaisquer problema e "alto e bom som", nas festas de garagem. Dado não se tratar de um tema de carácter político, é mtº provável apenas estivesse proibida a sua difusão radiofónica, pelo menos na Renascença e por decisão da respectiva administração. Diz o Rato que em Moçambique a sua difusão não era proibida. Tb é provável, já que nos temas de costumes as colónias eram bem mais liberais. Confirmas, Rato?
Um recado para o José: continue a ser polémico e a defender com convicção e argumentação estruturada as suas ideias. É disso que o país tem falta.
Eu comprei um exemplar do "Je t'aime ...", que ainda hoje poosuo, em 1969 e numa loja de discos, "Loja Marto", muito próxima ao Santuário de Fátima (um local acima de todas as suspeitas para a Pide vasculhar ).
Gainsboug viria mais tarde a produzir um "clone" sob o título de "La Decadanse",também com os inigualáveis gemidos da Jane Birkin (melhor audíveis que vuvuzelas) cuja letra - e não só - varia para um "tourne toi, dérriere moi" mesmo contra os veementes protestos da Birkin perante a insólita e canina arremetida em vez da vulgar posição de missionário "entre tes reins", do " je t'aime ..." já farta riscar o disco.
Porque o "Je t'aime ... " é um manual da posição de missionário, penso que o comprei no sítio certo e não compreenddo porque cargas de água ( ou leite ?) o Vaticano o haveria de proibir.
JR
Também já não me lembro se o disco foi proibido ou não, mas acho que não.
Na transmissão radiofónica fazia-se "fade out" mais cedo, evitando a respiração ofegante.
Depois do 25 de Abril, o meu amigo João Amaral, então director da Rádio Renascença, autorizou-me a passar a canção dos "Amigos de Alex".
LT
Estruturado onde ? É apenas propaganda salazarenta mais ou menos disfarçada.
Anónimo:
Desde muito cedo, até antes do 25 de Abril de 74, aprendi que é inútil discutir ideias com um sectário, particularmente comunista como me parece ser o seu caso.
É inútil tentar dar-lhe a entender que a STASI foi mil vezes pior para o povo da RDA ( cujo regime comunista V. e outros provavelmente defenderam como modelo último de propsperidade e de amanhãs a cantar) do que a PIDE de Salazar para o povo português.
Mesmo assim, sempre lhe digo que enquanto o dono do blog mo permitir, continuarei aqui a escrever o que entender, mesmo que lhe seja insuportável.
É essa a dimensão da liberdade de expressão que manifestamente não entende.
Anónimo José:
Antes do 25 de Abril chamava-se comunista a todos os que não concordavam com o regime.
Vejo portanto que tem uma boa escola.
Os seus comentários não me são insuportáveis, são só embaraçosos e não têm nada a ver com o blogue.
Claro que em sentido amplo todas as inanidades são abrangidas pelo direito à livre expressão e o limite é a tolice de cada um.
Felizmente o ridículo não mata.
Devolvo-lhe os insultos e acaba por aqui a conversa consigo.
Ok
Obrigado pela informação, bpt.
LT
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