quinta-feira, 12 de março de 2009

CHEERS, DEAR FRANCIS...!


Não é preciso ser-se "especialista em vinhos", como eu não o sou, para se saber que Napa Valley é a principal região vinícola da Califórnia e uma das maiores de todos os EUA.

Também não é necessário que se seja um "cinéfilo dos sete costados" para se saber que, há já uns bons anos, Francis Ford Coppola trocou o"plateau" pelas vinhas de Napa Valley, "where the wine is bottled poetry" como diz o anúncio, e só volta a ele muito de vez em quando, quando o "bichinho" lhe morde e sem preocupações de maior...

Como compreenderão, eu não poderia passar pela Califórnia sem procurar conhecer Napa Valley e, aí chegado, não fazer todo o esforço possível para tentar descobrir a quinta de Coppola. E nem sequer foi necessário um esforço muito grande, porque ela fica bem visível, perto da localidade de Rutherford, do lado esquerdo quando fazemos a Estrada 29 entre Yountville e St. Helena.

Esta quinta foi construida em 1880 por Gustave Nienbaum, que aí fez uma plantação de vinhas Cabernet trazidas directamente de França. Coppola e a sua mulher, Eleanor, começaram por comprar uma parte da quinta em 1975, quando esta apresentava alguns sinais de degradação. O restante foi comprado vinte anos depois, em 1995. Após alguns anos de restauração, a "Rubicon Winery" voltaria ao seu anterior esplendor em 2002, com um "vintage" que se tornou célebre.

A quinta do Coppola tem algumas características que claramente a diferenciam, para melhor, de todas as outras quintas que visitei, seja em Napa seja mais a Sul, em Santa Inez Valley. E acreditem que ainda foram algumas...

Em primeiro lugar, o visitante chega à zona do parque de estacionamento, mas, em vez de ter de se preocupar com isso, entrega a chave ao zeloso empregado que lá está e salta directamente para uma magnífica passadeira vermelha que o conduz directamente à entrada principal do casarão. Assim mesmo, como se estivéssemos numa cerimónia da entrega dos Óscares ou numa estreia de gala naquelas gloriosas décadas clássicas de Hollywood.

Em segundo lugar, o requinte e o bom gosto dos salões de prova e da zona das lojas, tudo forrado a pedra e a madeira, não tem comparação com os restantes.

Em terceiro lugar, o visitante é brindado com um pequeno museu da Familia Coppola. Aí encontramos um pouco de tudo: a "Àrvore Genealógica" da Familia, com os "gangsters" todos...; fotografias; cenários de filmes; partituras do Tio Carmine; prémios diversos, incluindo Óscares; e até um belíssimo Tucker! Tinha ouvido dizer que o Coppola e o George Lucas tinham cada um o seu Tucker, e estava longe de pensar que ainda um dia haveria de tirar uma fotografia junto a um deles.

Claro que perguntei por Coppola, mas foi-me dito que estaria em filmagens, na Argentina. A mulher, que é quem toma conta da Loja, tinha-se ausentado para os seus aposentos havia pouco.

Quanto ao vinho, não vos posso contar grande coisa, pois não sou nenhum "expert". Pelo meu "Passport" de prova, experimentei cinco vinhos diferentes: três "Captain's Reserve", um Chardonnay Vintage branco de 2007, um Zinfandel tinto de 2005, e um Syrah tinto de 2005; um "Cask Cabernet Sauvignon" tinto de 2005; finalmente, a jóia da coroa, um"Rubicon 2004", a $300 a garrafa. Todos me souberam lindamente! Mas vocés estão convencidos que algum vinho me iria saber mal neste cenário....?!

Mas o melhor estava reservado para o fim, já quase à saída, quando me lembrei de provar um "Sofia Rosé", de 2007, que estava bem fresquinho e que deslizou maravilhosamente... Eu sei que estes vinhos "rosé", com ligeiro piquinho, são, quase sempre, desprezados pelos "verdadeiros apreciadores", mas com o calor que estava, não podia ter feito melhor escolha...

Durante a resto da viagem, só por uma vez me lembro de ter visto na "lista" dos restaurantes um Coppola. Foi um "Bianco Pinot Grigio" bebido à beira do Lago Tahoe, e a respectiva garrafa (com um bonito rótulo a imitar um palco de teatro...) foi direitinha para uma estante da Bica como "objecto de decoração", tal como alguns de vós já terão reparado...

E, já que estamos em maré de gastronomia, não posso deixar de vos falar também do "French Laundry", que em 2008 foi considerado o segundo melhor restaurante do Mundo, e que fica precisamente em Napa Valley, na cidadezinha de Yountville. Mas, infelizmente, só o vi por fora. Uma pré-reserva feita dois meses antes não me serviu de nada, porque a proprietária resolveu fechar precisamente na altura em que por lá passei...

Colaboração de Luís Mira

20 comentários:

JC disse...

Apenas uma ressalva: os vinhos "rosé" não têm necessariamente "piquinho". A grande maioria até nem tem.
Abraço

Karocha disse...

JC

E o Mateus Rosé ;-)

JC disse...

O Mateus tem "piquinho", Karocha. É uma das excepções. É um vinho mtº específico, por isso não identifique "rosés" c/ Mateus.

Karocha disse...

LooLLLL JC

Só mesmo estrangeiros é que bebem Mateus Rosé ;-)

Aquilo é uma grande campanha de PB! eheheheh

filhote disse...

O que eu não pagava para ver o Tucker... e essa foto, não aparece por aqui?

nota- ainda não fui consultar, mas o Carmine não era o pai do Coppola???

Teresa disse...

Anotadíssimo, para quando for à Califórnia!

Há vinhos americanos magníficos. Nos restaurantes, quase sempre os vinhos mais caros são os californianos. Lembro-me de há cinco anos, num famoso restaurante de Coral Gables (Miami) ter visto um tinto de Napa Valley a 2500 dólares a garrafa (o dólar estava então bastante mais alto do que agora). Chamava-se Screaming Eagle.

JC disse...

Teresa:O "nec plus ultra" (o um deles) é o "Opus One" do Robert Mondavi. Mas olhe que preço e qualidade nem sempre andam a par no mundo dos vinhos.
Karocha: o "Mateus" é um vinho bem feito, embora um pouco fora da tradição dos vinhos portugueses. Vai mtº bem com comida chinesa.

Karocha disse...

Detesto Mateus Rosé JC!!!!

gin-tonic disse...

Não gosta de Rosés.
Contudo, um Rosé "Defesa" da Herdade do Esporão, ao cair da tarde, na Espalanda do "Hotel Albatroz" em Cascais já o comove.
Contaram-lhe,numa noite de inverno,que o Mateus Rosé, verdadeiro, meia dúzia de garrafas por colheita, só para amigos, não tem nada a ver com o "Mateus Rosé" que por aí está comercializado.
Não garante, apemas lhe contaram.
Um dia teve um pequeno problema na unha grande do pé, aconselharam-no a pôr "Mateus Rosé" e conseguiu resolver o problema.
O resto deu ao gato da vizinha que se lambeu e passou a falar francês e a tocar piano.
Quando trabalhava no "shipping>" enviou centanas de contentores para os Estados Unidos e Candá de uma "coisa" produzida pelo José Maria da Fonseca que dá pelo nome de "Lancers".
As garrafas vazias parece que são óptimas para fazer de botija...

Karocha disse...

Pois...

Eu não gosto é do "Mateus" :-)

Anónimo disse...

Caro JC,

Eu não me quis referir ao "Rosé", em geral, mas precisamente a este "Rosé com piquinhos"... Tenho visto o outro ser tolerado pelos "experts" em determinadas situações, mas o de "piquinhos" é quase sempre arrasado. Não sei se não se tratará de um "complexo Mateus Rosé"...

Caro Filhote,

De acordo com as suas próprias palavras, nos antepassados do Coppola nunca se sabe muito bem quem é o "Gangster" e quem é o "Artista", porque, muitas vezes, os gangsters também tocam piano (devem ter bebido "Mateus Rosé" em pequeninos, como o gato do Gin-Tonic...). Mas é claro que vocé tem razão, e que eu troquei os parentescos... Nem é necessário confirmar.

Quanto à fotografia do Tucker, ela faz parte dos arquivos do proprietário deste blog. Mas acho muito bem que ele não altere os seus "critérios editoriais" e não coloque mais do que uma fotografia por texto. Tanto mais que para ter o Tucker tinha de me ter também a mim, o que torna o cenário um pouco mais negro...

A propósito do Mateus Rosé: vocés sabem que, quando ele aparecia, era dos vinhos mais caros das listas dos restaurantes americanos...!!??

Um abraço!

Karocha disse...

Acredito!
O Saddam Hussein bebia e a Isabel II, bebe LoooLLLLLL

ié-ié disse...

Eric Clapton apanhava bebedeiras de Mateus Rosé, o que deve ser extremamente difícil (já aqui contei a história) e consta que Jimi Hendrix também não desdenhava um copito.

Cá para mim, por causa da cor, julgavam que o líquido tinha outros poderes...

LT

Karocha disse...

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

JC disse...

Meus caríssimos amigos Luíses, Gin-Tonic e Karocha:
O Mateus Rosé e, indiscutivelmente, um vinho bem feito. Não é um grande vinho, longe disso e nenhum rosé o é, nada que eu beba c/ frequência, mas confirmo que é o meu preferido para acompanhar comida chinesa, já que o adocicado da comida vai mtº bem com o açucar residual do Mateus e a sua leveza. Há em Portugal um preconceito contra o Mateus,e por extensão contra os rosés considerados vinhos femininos, talvez por durante mtºs anos o vinho estar associado a um certo machismo, ao carrascão e às tabernas. E, caro Gin-Tonic, posso confirmar duas coisas: não existe nenhum Mateus só para amigos e, hoje em dia, existe um nº apreciável de rosés secos (entre os quais o que citas) bem agradáveis no Verão, como aperitivo ou a acompanhar "pasta", principalmente em saladas frias.
Uma curiosidade: Mateus e Lancers são produzidos pelas duas maiores empresas vitivinicolas portuguesas, a Sogrape e o José Maria da Fonseca. Mas enquanto o Mateus partiu de um vinho já existente, com a grande inovação da garrafa tipo cantil por parte do velho Guedes sa Sogrape (avô do Salvador Guedes),o Lancers é um genuíno projecto de mktg, concebido na base de estudos de mercado e de um projecto da McKinsey (tive acesso ao projecto, "in illo tempore").

Karocha disse...

JC

Poupe-me o "mateus" é uma grande campanha de PuB e de isso percebo eu, foi o meu trabalho toda a vida, só estrangeiros o bebem, é como a Macieira, só Alemães é que pedem um café e uma Macieira!

JC disse...

Oh Karocha, isso agora é que foi azar: não fosse serem elementos confidenciais e eu dizia-lhe tudo s/ os consumidores de Macieira: quem são, como bebem, o que fazem, quando bebem, onde trabalham, o que pensam da marca e de mtªas outras de brandy, de whisky,onde se divertem, etc, etc. Megabytes e megabytes de informação. Mas posso dizer-lhe, com total segurança, que não tem razão. Os portugueses bebem-na e mtº.
Mas podemos chegar a um acordo: eu não falo de moda feminina e v. não fala de gestão, mktg e pub. It's a fair deal, isn't it?
All the best.

Anónimo disse...

e a mosca?

onde andará ela?

Karocha disse...

JC
Não foi azar
Confidencial?
Eu não falo de moda feminina, nunca fechei lojas, os gajos travavam e batiam comigo e continuam, a gaja é boa e vou por a minha página actualizada e sim a gaja (eu) toou lixada hoje

ié-ié disse...

E o Veuve Clicquot rosé?

LT