quinta-feira, 26 de maio de 2011

APOLO 70 FEZ HOJE 40 ANOS


Dado o interesse que suscitou a primeira informação sobre o Apolo 70, fui ver se conseguia encontrar alguma notícia sobre a sua inauguração.

Encontrei, no "Diário Popular" de 27 de Maio de 1971 que titula: "O 'drugstore' 'Apolo-70' (o maior da Europa) foi ontem inaugurado".

Logo, o Apolo 70 foi inaugurado no dia 26 de Maio de 1971.

Começa assim a notícia:

"Na avenida Júlio Dinis, em Lisboa, foi inaugurado ontem o "Apolo 70", o maior "drugstore" da Europa no qual se integram, além de uma bela sala de cinema, um grande complexo hoteleiro da "Hotelda", com snack-bar, bar, um "bowling" automático e uma sala de jogos".

Talvez fosse o maior "drugstore" da Europa, mas não foi seguramente o primeiro em Portugal. Sabem qual foi? Aguardem as cenas dos próximos capítulos.

À inauguração do Apolo 70 (ainda existente, mas obviamente diferente, sem cinema, pelo menos) assistiu meio-mundo como secretários de Estado, César Moreira Baptista (Informação e Turismo) e Xavier Pintado (Comércio), os directores-gerais Caetano de Carvalho (Espectáculos) e Álvaro Roquette (Turismo), Afonso Marchueta (governador-civil de Lisboa), general Tristão de Carvalhais (comandante-geral da PSP).

Sempre achei uma graça esta de o comandante da PSP ir às inaugurações.

Os anfitriões eram os administradores da empresa proprietária do "drugstore": Miguel Sotto-Mayor Aires de Campos (Ameal), Manuel Braamcamp Sobral, Francisco José de Sousa Machado, Nuno Barroso e Lourenço de Almeida e José B. P. Vasconcelos.

A inauguração inclui um espectáculo com o Duo Elas, Luis Romão e Carlos Portugal.

O "drugstore", com 3.000 m2, espalhava-se por dois pisos, com 41 lojas. O "bowling" tinha 4 pistas, o snack-bar capacidade para 180 pessoas, estando aberto até às 03H00, o que era extraordinário.

O cinema - chamado "Estúdio Apolo 70" - foi inaugurado no dia seguinte, dia 27, com o filme "O Vale do Fugitivo" ("Willie Boy"), de Abraham Polonski, com Robert Redford, Katharine Ross, Robert Blake e Susan Clark.

Projectado pelo arquitecto Augusto Silva, com decoração de Paulo Guilherme, o cinema tinha 300 lugares e estava equipado com aparelhagem Phillips de projecção para 35 mm, "écran" normal e cinemascope.

A programação do cinema era da responsabilidade do cinéfilo Lauro António.

O investimento total foi de 20 mil contos.

Numa área de 3.000 m2, o drugstore tinha 41 lojas, jardim infantil, barbearia, sala de jogos americanos, bowling automático de 4 pistas e um snack-bar para 180 pessoas com confortáveis poltronas.

Hamburgueres e enormes gelados com chantilly eram os mais requisitados.

Até ao fim desse ano de 1971, o snack tinha uma promoção especial a 20$00 (0,09976 € - nem chegava aos 10 cêntimos!): hamburguer com queijo ou ovo estrelado com uma salsicha, copo de cerveja, café e gelado meia-noite!

3 comentários:

JC disse...

1. Não se chamava "Drugstore" por ter uma farmácia; o "Sol a Sol" tb era Drugstore e não tinha farmácia. "Drugstore" era então o nome que se dava na Europa aos centros comerciais, termo importado dos USA onde os centros comerciais resultaram, fundamentalmente, da ampliação e diversificação de negócio de "drugstores", misto de farmácias e drogarias do séc. XIX.
2. O que é curioso verificar é que depois dessa inauguração cheia de personalidades da ditadura marcelista o cinema tenha sido inaugurado com um filme bem característico da América liberal, o que nos USA quer dizer "esquerda". O filme incluia-se naquilo que se chamava na altura o "anti-western, Polonsky foi um nome proscrito pela Comissão das Actividades Anti-Americanas do tristemente célebre senador Joseph McCarthy e Redford um nome bem conhecido e activo entre liberais americanos. dedo de Lauro António, claro.

daniel bacelar disse...

Meus caros amigos
Sobre o Lauro Antonio não sei se sabem,mas organiza quase todos os meses (depende do convidado)um jantar convivio no velho VÁ-VÁ reactivando as velhas tertúlias (blog no GOOGLE VÁ-VADIANDO).
É interessantissimo,quem estiver interessado em ir,contactar o VÁ-VÁ (sr.Fernando)mas atenção que vulgarmente esgota!!!

Anónimo disse...

Do Apolo 70 tenho uma recordação fantástica. Vi o American Graffiti do George Lucas que começa com o Rock Around the Clock. Pois aos primeiros acordes a sala levantou-se em peso e começou a dançar!!!...