terça-feira, 19 de maio de 2015

FAMÍLIA VILARDEBÓ NA SENDA DOS BEATLES


1ª PARTE - LONDRES

Não sei se fui coagido ou se foi um suborno agradável por parte da minha mulher, mas a história começa assim: a Sofia, minha mulher, queria ir visitar uma amiga a Londres, uma viagem que não me apetecia nada fazer nesta altura mas, premeditadamente, ela perguntou-me "e se fôssemos a Liverpool, já gostavas de ir"?. Um golpe baixo... CLARO QUE SIM!!! A desculpa para a viagem e a temática passou a ser então os Beatles!

Viajámos na Bristish Airways BA503 (cuidado que se paga à parte a bagagem!) e chegámos a Londres no dia 28 de Março às 21:30.

No dia seguinte começámos a nossa aventura pelas ruas londrinas sempre com um objectivo...  Após passarmos por várias Shaun the Sheep (Ovelha Choné, em português) espalhadas pela cidade, fomos visitar os típicos sítios para turistas, mas contudo, não deixavam de ter alguma coisa a ver com o tema da viagem.

Foi o caso da Tower Bridge, que aparece no 8º disco a solo de Paul McCartney, "London Town" (1978).

Depois de acertarmos as horas com o Big Ben, passámos pelo Garrick Theater, situado na Charing Cross Road, mesmo no centro da cidade. Neste teatro está em cartaz o music-hall “Let It Be”.

Comprámos bilhetes para os quatro para a noite a seguir... e ainda conseguimos convencer os nossos amigos a ir connosco! Antes de irmos para casa demos um pulo à Savile Row... estava a chover, o que fez com que as fotografias ficassem menos boas. Tinha que lá voltar!!!

Dia 30 de Março. Como estávamos hospedados em casa de uma amiga perto de St. Pancras Hotel, em King’s Cross, fomos pela Euston Road – Marylebone Road, perto de Regent’s Park. Próximo alvo seria a Madame Tussaud, a pedido da minha filha Luísa. Eu gosto do museu! E ainda por cima os Beatles estão lá bem representados e outras ilustres personalidades de todo o mundo. Mas a personagem que a minha filha queria ver, cujo nome não se pode pronunciar, estava temporariamente ausente para ser actualizado... enfim, um up-grade.

A seguir, apanhámos um típico London bus para Abbey Road. Estivemos mais de meia hora com risos, saltos, fotografias e outros disparates para marcar a nossa presença na famosa passadeira. E deixámos a nossa marca nos muros dos estúdios da EMI.

Depois da euforia toda, apanhámos outro autocarro a caminho de Camden Town... a Feira da Ladra lá do sítio. Sempre à espera de encontrar alguns souvenirs ou velharias dos quatro rapazes... até a Sofia já estava a alinhar nestes nossos maravilhosos vícios!

Nessa noite, às 7:30 pm, iríamos voltar ao Teatro Garrick. A banda que actuou nesse music-hall “Let It Be” era fantástica. Tocaram 41 temas, revisitando os mais emblemáticos clássicos dos Beatles. O elenco dessa noite era composto por Ryan Coath como John Lennon, Peter John Jackson como Paul McCartney, John Brosnan como George Harrison e Ben Cullingworth como Ringo Starr! E como músico de fundo, nas vozes, teclas, percussão, etc, Ryan Alex Farmery, com quem estive a conversar à saída da porta dos artistas.

Na manhã seguinte, antes de apanhar o comboio da Virgin para Liverpool, que estava marcado para as 11am, fui a correr, devido ao pouco tempo que tínhamos,  com o meu filho Quico, que me acompanha sempre nestas aventuras beatlenianas, de volta à Savile Row para tirar uma fotografia em condições do prédio onde ficava o antigo quartel-general da Apple! Quase que entrámos na cave, onde ficavam os estúdios... quase... Fica para a próxima!

2ª PARTE – LIVERPOOL

Às 11:07 apanhámos na estação de Euston um comboio da Virgin Trains que chegou a Lime Street às 13:21. Apeteceu-me gritar de braços abertos: “Uh, la, laaa... the Magical Mystery".

Ficámos instalados nos Printworks Apartments, situado na Henry Street, não muito longe da estação. Foram 12 minutos a pé, cerca de 600 metros. Bem... 12 minutos se não tivéssemos parado em alguns sítios! A caminho passámos pelo McCartney Bar (e hotel) e pensei: “Esta viagem vai ser Beatles do princípio ao fim... yuuuuppiiiiieeeee!!!” .

Fomos deixar as malas no aparthotel e fomos recebidos por John e Paul, ambos na casa dos 50 anos e fãs dos Beatles, foram muito simpáticos, contando algumas peripécias que envolvia os quatro filhos de Liverpool, principalmente Paul McCartney... “I shake his hand!!!” Também nos deram alguns conselhos preciosos.

Já tinha estado em Liverpool há 20 anos, quatro dias depois do concerto de George Martin no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Nessa altura (1995), nascia o meu filho mais velho, Joe, em Leeds. Mas muita coisa estava diferente!

Numa rua perpendicular à do aparthotel, fica a Slater Street e, mais ou menos a meio, o Jacaranda club. Entrámos e pedimos logo ao barman para ir lá abaixo onde as bandas costumam actuar... inclusive os Beatles! Na parede ainda está preservada uma pintura mural de Lennon. Depois de bebermos umas pines, ganhei coragem para pedir ao rapaz que estava ao balcão o menu, que tem na ementa vários nomes referentes às músicas dos FAB 4.

Continuámos a pé pelas ruas de Liverpool em direcção à Cavern Quarter. Chegámos à Mathew Street onde estivémos na Beatles Shop, Lennon’s Bar, Rubber Soul Oyster Bar, à porta da antiga Cavern, olhámos para cima para ver a escultura de Arthur Dooley e parámos na actual Cavern. O Quico estava eufórico!!! E eu também, claro... Estava cheio e com artistas a actuar. O dia normal de um bar. A seguir entrámos na Cavern, em frente, e tirámos uma fotografia ao muro Cavern Wall of Fame e juntos à estátua de Lennon.

No dia seguinte tínhamos marcado duas tours: a da Magical Mystery Tour e da National Trust. Como éramos quatro pessoas, foi-nos aconselhado substituir o bus da Mystery Tour por um táxi. Poupámos cerca de £ 15,00! Ao lado da Beatles Story, aproveitámos para visitar o museu da Escravatura. O passeio arrancou da Albert Dock e fomos no táxi chamado Lady Madonna.

A motorista serviu de guia... e bem! A primeira paragem foi na casa onde nasceu Ringo Starr, no número 9 da Madryn Street – The Dingle. Na casa em frente, entre os tijolos, está disfarçadamente em relevo Beatles. O antigo morador aproveitava os turistas para vender fotografias e postais dos 4 de Liverpool.

Continuámos pelas casas de Ringo e fomos ao número 10 da Admiral Grove, aproveitando para tirar uma fotografia em família à porta do prédio que fez a capa do disco "Sentimental Journey", de Ringo.

A tour continua passando em seguida por Penny Lane onde está a barber shop, onde os Beatles costumavam cortar o cabelo. Passámos pela casa de Paul e de John e em Menlove Avenue estivémos no sítio onde a mãe de John, Julia, tinha sido atropelada por um polícia.

Não foi possível ir a casa onde cresceu George Harrison porque os vizinhos são hostis para com os turistas. Chegam mesmo a ser violentos. Para compensar, passámos pela casa onde viveu a mãe de George. Seguimos em direcção à St. Peters Church onde actuaram os Quarrymen e quando John conheceu Paul pela primeira vez em 1957. Ao lado, no cemitério da igreja, está a sepultura de Eleanor Rigby e de “father” McKenzie.

Acabamos a tour nos portões de Strawberry Fields! A guia contou que Yoko Ono esteve, após a morte de Lennon, mas não há muitos anos, nos jardins a espalhar as cinzas de John. Diz-se que é tradição japonesa espalhar as cinzas de um ente querido ente os sítios que mais lhe marcaram a vida. Outro dos supostos sítios, foi no jardim traseiro da casa Mendips.

A guia deixou-nos em seguida em Speke Hall onde estava o carro da National Trust à nossa espera. Começámos a Beatles’ Childhood Homes Tour. Esta tour tem duas partes: na primeira fomos ao interior da casa onde viveu Paul McCartney na 20 Forthlin Road. Para quem gosta de Beatles como eu, é emocionante entrar nesta casa. Apetece tocar em tudo!! A seguir fomos a Mendips, a casa de infância de Lennon. Aí, o Quico conseguiu tirar uma fotografia e filmar um pouco o quarto de John. No final das duas visitas comprei os dois catálogos. Mas fiquei um pouco decepcionado, porque quase não tem imagens do interior das casas.

No final da tarde fomos a uns museus onde vimos um quadro de Stuart Sutcliffe. Ao princípio da noite dividimo-nos: os rapazes foram para um lado e as raparigas para outro. O Quico e eu voltámos à Cavern Quarter. Passámos de novo pelo Lennon’s Bar, cheio de pormenores decorativos com os Beatles, e ao Grapes e White Star. Nestes, devido à hora, não pude entrar com o Quico por ser menor. Ainda fomos à Stanley Street, onde está a estátua de Eleanor Rigby, dedicada a all the lonely people.

Foi neste dia que soubemos que Cynthia Powell Lennon (1939-2015) tinha falecido na sua casa de Maiorca, em Espanha (obrigado pelo jornal! - nota do editor).

No último dia da nossa estada em Liverpool, fomos ao LIPA (Liverpool Institute For Performing Arts) pedir informações sobre os cursos. Aproveitámos, a convite de um director, para visitar o Paul McCartney Auditorium! Ao lado das escolas, está uma escultura com malas e várias caixas de guitarras com o nome de Paul McCartney e Stuart Sutcliffe e de... (acho que as outras chapas foram roubadas?!?)

O Liverpool College of Art, onde estudaram Cynthia, John e Stu, e que fica no mesmo quarteirão, foi agora adquirido pelo LIPA e está em obras. Saímos dali e passámos à frente do Liverpool Maternity Hospital, onde nasceu John Lennon e na parede está a placa azul redonda do National Trust a notificar o acontecimento.

Ficou muito por ver, mas tínhamos que ir embora. Fomos apanhar um autocarro directo para o Liverpool John Lennon Airport! Para além de ter uma estátua espectacular de John Lennon no primeiro andar, as paredes do aeroporto estão cheias de frases de canções e de imagens de John, Paul, George e Ringo.

3ª PARTE – DUBLIN

É público que eu não gosto de andar de avião. Mas às vezes tem que ser! Apanhámos um avião da Ryanair FR449, que estava marcado para as 20:45, mas supostamente partiu com um atraso de cerca de 10 minutos. Digo supostamente porque ele aterrou em Dublin cinco minutos antes da hora prevista! A viagem dura 55 minutos.

Em Dublin não há muita coisa para ver que tenha alguma relação com os Beatles. Existe curiosamente uma ponte que passa pelo canal, que tem uma inscrição: MACARTNEY BRIDGE 1791. Deu origem a este nome, George Macartney, presidente do Grand Canal Company. Pode ser que haja alguma relação, visto Lennon e McCartney terem origens irlandesas.

Na sexta-feira, dia 3 de Abril, fomos passear por um jardim perto da casa onde nasceu Oscar Wilde. Nesse jardim está uma estátua dedicada ao escritor que vale a pena visitar.

À tarde fomos à  Universidade de Dublin. Aí cometi um pequeno delito: furtei um pequeno poster que estava no placard de informação da universidade. O tema era “Dublin: Hidden City”, a convidar as pessoas para caminhadas e conversas pela cidade. O problema é que... a fotografia que estava no poster tem os Beatles no aeroporto de Dublin!!

É bom também referir que fomos almoçar ao Leo Burdock’s Famous Fish & Chips, com um quadro de honra, à laia de “Hall of Fame”, com várias dezenas de nomes de clientes famosos, entre os quais U2, Mick Jagger, Sinead O’Connor, Bruce Springsteen, Liam Neeson, Charlize Theron, Russell Crowe, Rod Stewart, Edith Piaf, B.B. King, entre tantos outros. Apesar dos seus quase 100 anos, não consta nenhum nome dos quatro Beatles.

À parte disto, nada mais houve que tivesse relação com o tema da viagem. Mas todos os anos existe o Dublin Beatles Festival, que decorrerá  entre 6 e 8 de Novembro deste ano.

Domingo de manhã, 5 de Abril, o avião Aer Lingus EI0484 descolou por volta das 11:45 e chegou a Lisboa às 14:30. Este é o terceiro e último avião que apanho em uma semana! A nossa aventura chegou ao fim. Mas fiquei com vontade de voltar a Liverpool na semana seguinte.

Claro que não será na semana a seguir... mas qualquer dia junto um grupo de amigos, também malucos por Beatles, e vamos todos à laia de excursão à Meca!

Duarte Vilardebó Loureiro

1 comentário:

filhote disse...

Também vou nesse grupo!

Belo relato. Deixou-me ainda com mais vontade de visitar Liverpool.