sábado, 16 de maio de 2015

CHINCHILAS, 50 ANOS


Os Chinchilas tocam hoje às 22H00 na Casa do Artistas em Lisboa para celebrar 50 anos de carreira.

Os Chinchilas são uma das bandas portuguesas de rock mais emblemáticas, mais icónicas.

Formaram-se em 1965 sob a batuta de Filipe Mendes, outra figura lendária da guitarra eléctrica em Portugal.

Estão agora a comemorar 50 anos de actividade com o mesmo frenesim de outrora.

O misticismo dos Chinchilas começa logo no baptismo.

Porquê Chinchilas, nome de animal? Chinchila é um roedor elitista, cuja pele as tias de Cascais gostavam de ostentar em casacos compridos.

Mas chinchila é também nome de animal e os Animals, de Eric Burdon, eram, à época, um dos mais prestigiados conjuntos britânicos de blues, a grande sede dos Chinchilas.

Mas nem sempre os Chinchilas foram Chinchilas, também foram Alberto Morde Na Mãe e Monstros.

Mas ficaram Chinchilas, até hoje.

Filipe Mendes, tido como o “Jimi Hendrix português” e por isso também conhecido como Phil Mendrix, tinha então 16 anos quando se juntou a Alfredo Azinheira, 15 anos, viola-baixo, José Machado, 14 anos, teclista, e Vítor Mamede, 13 anos, baterista, para formar um conjunto da moda, mas diferente, os Chichilas.

E ganharam logo o Festival de Música Moderna da Costa do Sol e o Festival Rock de Tomar. Neste último Festival, Vítor Mamede foi eleito o melhor baterista e Alfredo Azinheira o melhor baixo, portanto, a melhor secção rítimica do Festival.

Entrada de arromba!

A prova de fogo viria a 18 de Setembro de 1965 quando os Chinchilas participaram numa eliminatória, a quarta, do Concurso Ié-Ié, realizado no Teatro Monumental, em Lisboa, a grande montra da música moderna portuguesa de então.

A vontade de ganhar era tanta que os Chinchilas inscreveram-se no Concurso com dois nomes diferentes: Monstros e Chinchilas. Eram então formados por Carlos Bastos, futuro fadista, viola-ritmo, Gilberto Guerreiro, viola-baixo, Vítor Mamede, bateria, José Machado, teclas, e Filipe Mendes, viola-solo.

Ficaram em 2º lugar na eliminatória, só superados pelos Jets.

Na eliminatória seguinte, no dia 6 de Novembro de 1965, já com a sua única designação oficial, os Chinchilas voltaram a ficar em 2º lugar, suplantados desta feita por um conjunto de Coimbra, Boys, onde pontificava Carlos Correia, Bória, futuro acompanhante de José Afonso.

Nesta eliminatória, os Chinchilas eram formados por Filipe Mendes, José Machado, Mário Piçarra, filho do tenor Luís Piçarra, Fernando e Vítor Mamede.

Os Chinchilas que provocaram grande burburinho na sala apresentaram-se de casaco preto com botões de metal branco e calças cinzentas, a moda da época, e tocaram, entre outras canções, “I’m Down”, dos Beatles, “Do You Love Me?”, celebrizado pelo Dave Clark Five, e “I Love You So”, original da banda, mais tarde rebaptizada de “Marry Me”.

Na 1ª meia-final do Concurso, no dia 8 de Janeiro de 1966, ganha pelos Sheiks, os Chinchilas foram fiéis ao 2º lugar.

Na final do Concurso, no dia 30 de Abril de 1966, ganha pelos Claves, os Chinchilas, sem Filipe Mendes, ausente nos Estados Unidos, ficaram em 6º lugar.

Embalados pelas actuações ao vivo, onde Filipe Mendes era a grande estrela pelos seus solos piscadélicos na guitarra, os Chinchilas editaram em 1967 o seu 1º EP que incluia uma versão de “I’m A Believer”, de Neil Diamond, celebrizada pelos Monkees, e três originais, “Take That Train”, “Crying” e “Marry Me”.

Gravaram o disco Filipe Mendes, voz e viola-solo, Salvatore Klumbos (Pino Klumbos), de nacionalidade venezuelana, viola-ritmo, José Machado, órgão, Alfredo Azinheira, viola-baixo, e Vítor Mamede, bateria.

No ano seguinte, em 1968, surgiu um single, “Calmas São As Imagens”, uma das mais fantásticas canções portuguesa da época, original de Filipe Mendes e uma versão de “Don’t Want You No More”, do Spencer Davis Group.

Por esta altura, já Salvatore Klumbos tinha abandonado o conjunto para residir em Itália e João Maló tomado o lugar de Alfredo Azinheira, chamado a cumprir serviço militar obrigatório.

Filipe Mendes também foi chamado à tropa e os Chinchilas fizeram uma pausa enquanto o “Jimi Hendrix português” gravava um single a solo, “Ring Stone Eyes” e “O Urso Ki”, que o Diário Popular classificou de “invulgar maratona musical”.

Em 1970, Filipe Mendes conseguiu reunir as condições para uma nova formação dos Xinxas com Luís Pedro Fonseca nas teclas, Guilherme Inês na bateria e Pedro Romeiro no baixo com a qual gravou o terceiro disco dos Chinchilas, “Barbarela”.

“Barbarela” tinha a ver com o Festival Internacional Barbarela, realizado nesse ano em Palma de Maiorca, onde João Ribeiro, que tinha sido dos Beatnicks, substituiu Pedro Romeiro.

No Verão de 1970, no dia 26 de Agosto, os Chinchilas estavam agendados para o abortado Festival dos Salesianos a que a Polícia de Choque pôs termo à bastonada por alegada falta de autorização para a sua realização, mas no ano seguinte, em 1971, os Chinchilas puderam participar no Festival de Vilar de Mouros ao lado de Elton John e de Manfred Mann. Eram um trio formado por Filipe Mendes, Basílio Fernandes, no baixo,  e João Heitor na bateria.

O grupo desfez-se logto a seguir, Filipe Mendes seguiu uma outra carreira na música com a Heavy Band, Antítese, Roxigénio. Nos últimos anos, além de renascer os Chinchilas tem actuado com os Ena Pá 2000 e os Irmãos Catita, de Manuel João Vieira.

Vítor Mamede esteve no Sindicato, com Jorge Palma e Rão Kyao, colaborou com a Banda do Casaco e os Green Windows e foi autor de sucesso em Festivais RTP da Canção.

Alfredo Azinheira foi a voz dos Académicos de Timor, onde cumpriu serviço militar e se apaixonou pelo território, juntou-se aos Petrus Castrus e aos Plutónicos e fundou os Ferro & Fogo. Ganhou o Festival RTP da Canção em 1987 com “Neste Barco À Vela”, de sua autoria, que interpretou com os Nevada.

Na sua actual composição, com Filipe Mendes, Vítor Mamede, José Machado e João Maló, os Chinchilas reapareceram no dia 27 de Julho de 2012 no renovado Ritz Club, em Lisboa, e, desde então, têm tocado aqui e ali.

Luís Pinheiro de Almeida

2 comentários:

carlos peres feio disse...

Se não estou em erro a primeira vez (?) que a banda actuou, fui eu que os contratei para uma festa de estudantes no IIL (Lapa, Lisboa) porque um dos elementos (Fernando ?) era meu colega nesse instituto.
Depois privei com o Filipe porque morava entre Carcavelos e S, Domongos de Rana. Bons tempos!
Sou Carlos Peres Feio, engenheiro, poeta diseur...irmão do falecido actor António Feio)
Abraços
Carlos
https://www.facebook.com/carlosperesfeio

Mariusnet disse...

A primeira aparição de Vitor Mamede na bateria, José Machado ao piano e Mário Silva no contrabaixo com o nome de conjunto Bossa, deu-se por volta de 61/62 na televisão, 2 vezes no programa infantil conduzido na altura por Maria João Metelo e uma outra vez no TV Clube de Júlio Isidro e até à formação dos Chinchilas actuaram com essa formação em várias festas e clubes, só por volta de 1964 começaria a surgir a ideia da formação duma banda com outras aspirações dando origem então aos Monstros/Chinchilas

Eu nessa altura estava prestes a embarcar para Moçambique e o Alfredo entrou para a banda já como viola baixo, daí em diante começou o sucesso.

Mário Silva