A expressão fino, para designar a cerveja em copo fino e alto, tem origem em Coimbra.
Segundo o blogue Penedo da Saudade, a origem do termo fino é explicada no livro "Boémia Coimbrã (dos anos 40)", de A. Nicolau da Costa, de 1975.
Nicolau da Costa conta que era amigo de copos de um refinado boémio, de seu nome Toninho Saraiva, "Toninho Copi" para os amigos, tipo sombra magrinha, bem penteadinha que vagueava por Coimbra naquela época.
Toninho Saraiva tinha-se curado de uma tuberculose galopante em poucas semanas e atribuía a sua cura milagrosa à cerveja, da qual era apreciador esmerado, coisa que médicos amigos me disseram ser tão provável como as galinhas terem dentes.
Mas para o “Toninho Copi” isso era uma verdade absoluta.
...E talvez fosse por isso que religiosamente, diariamente, como quem se sacramenta, descia as escadas da "Domus", na Visconde da Luz, para se regalar, profilacticamente, com doses maciças daquele "medicamento".
A essas formidáveis libações, chamava-lhe ele "Os banhos do Toni"... Entenda-se por "Toni" o único dente incisivo de que dispunha a sua devastada dentadura...
Dessa convivência diária com a cerveja, resultou que o Toninho ficou perito. E ficas a partir de agora ciente de uma verdade incontroversa, caro leitor: Quando hoje te sentas a uma mesa e displicentemente, por hábito, pedes um "fino", estás, sem o saberes, a seguir as indicações técnicas do Toninho. Sim, senhor!
A classificação de "fino" começou quando o Toninho exigia que lhe servissem em copo de vidro fino, como ele apreciava. Exigia-se de início: "Um copo de cerveja de vidro fino!". Depois pedia-se "Um copo fino". Hoje generaliza-se e pede-se "Um fino!".
José Maria Saraiva Marques, filho de Toninho Saraiva, confirmou a estória em comentário no Facebook:
Confirmo a história do “Fino”. Toninho Saraiva era meu pai, falecido em 1992. Toninho iniciou as suas lides na Boémia Coimbrã aos 18 anos, por volta de 1945, fugindo do Caramulo onde fora internado por conselho de um especialista catalão com diagnóstico de tuberculose rara e fatal.
Antes que o avô o reencaminhasse para o sanatório, refugiou-se numa república Coimbrã e passou a integrar a trupe do Felisberto Pica e outros boémios que quando pediam uma rodada de cerveja nas suas incursões à Baixa, a excepção era sempre a frase “mas para o Toninho num copo muito fino”, mais tarde o “Fino”.
Dizia-se então que o Toninho era faquir, pois não os bebia… engolia-os!
Fino era exclusivo de Coimbra até aos anos 70, no Norte era Príncipe, no Sul Imperial, e só em meados dos anos 80 se “nacionalizou” quando apareceu uma campanha com o claim – Sagres, o Fino!
5 comentários:
Fantástico e muitos parabéns.
Eduardo Pinto
Peço desculpa... A "Sagres" tinha um comercial na primeira metade dos anos sessenta que dizia "Sagres imperial...o fino". Autoria da frase??? Parece que foi o José Carlos Ary dos Santos...
e?
LT
Nos anos 60 a Sagres era pouco bebida no Centro (onde imperava a Topásio) e no Norte(onde dominava, salvo erro, a Cristal).
Como no Sul se utilizava o termo Imperial e no Centro e Norte o termo Fino, o slogan que liga a Sagres ao Fino terá sido uma manobra bem sucedida para aumentar as vendas da Sagres no Cento e Norte.
Zé Veloso
Desculpem-me mas no Norte Pincepe e fino nao sao a mesma coisa. A medida é diferente.
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