Mas quem sabe se não haveria por aqui alguma surpresa escondida, tal como “Cowgirl in the Sand” ou o “Down by the River”…
Mas, infelizmente, não…
Este disco é mesmo uma desgraça e há muito pouca ponta por onde se lhe pegue…
Mas já estou a ver os escribas do costume a gritar que Neil Young mantém uma enorme e invejável pujança nos seus quase 67 anos de idade, e que, para ele, efectivamente o “Rock’ n’ Roll will never die”..
Balelas!
O tom geral deste disco é o do Rock mais requentado que se possa imaginar, o que nos leva mesmo a pensar que, para Young, o Rock já devia ter morrido há muito tempo. Ele que se dedique à parte acústica do seu repertório, que é onde ainda se safa muito bem…
Note-se que não tenho qualquer tipo de aversão ao Homem, bem pelo contrário… Neil Young faz parte do Panteão dos ídolos da minha juventude.
Por isso me custa ainda mais vê-lo arrastar-se desta maneira…
Sejamos ainda mais explícitos: este disco é um atentado à memória daquela música que, aparentemente, pretende homenagear.
Se isto fosse um “bootleg” de uma brincadeira de amigos no meio de uma churrascada lá pela quinta da Califórnia, ainda vá que não vá… Agora um novo disco lançado com pompa e circunstância…
Mas não se aproveita mesmo nada…?
Seria exagerado afirmá-lo… “Travel On”, “Waifarin’ Stranger” e “This Land is your Land” elevam-se ligeiramente acima da mediocridade geral. Mas juro-vos que a “batida” com que se inicia esta última me faz lembrar a utilizada pelas bandas dos Santos Populares que, no pátio defronte da minha janela, se atiram todos os anos com todas as ganas ao “Apita o Comboio” ou ao “Aperta com ela”…!
Que saudades das versões deste mesmo tipo de música que, no “Seeger Sessions”, Bruce Springstten nos ofereceu em 2006, essas sim, cheias de frescura e de pujança, sem por isso terem abdicado do seu ar de Rock.
Confesso-vos que tenho vindo a perder a paciência para o meticuloso sentido comercial com que o velho jovem Neil tem vindo a gerir o seu célebre baú, bem como para a forma um tanto ou quanto narcisista com que vem deixando as suas imagens para a posteridade, com a cumplicidade de Jonathan Demme.
Quem diria que aquele rapazinho com ar de hippie estendido ao comprido no interior da capa de “After the Gold Rush”, com aquelas jeans coçadas e cheias de remendos que tanta inveja me fizeram na altura, se iria transformar num velhote com tanto faro comercial e tanto zelo para gerir a sua conta bancária.
Mas também eu gosto muito de carros antigos e não estaria disposto a tudo só para poder ter na garagem o Jaguar XK 120 dos meus sonhos…
PS: A minha mulher tem-me dado cabo do juízo com a quantidade de CDs e de DVDs que, em seu entender, se passeiam impunemente por todas as salas da nossa casa.
Impor-se-á, portanto, uma escolha mais criteriosa e, por isso, este disquinho estará disponível para oferta ao primeiro interessado que aqui saiba dizer o nome de pelo menos 10% dos craques que o Benfica já contratou para a próxima época…
Colaboração de Luís Mira
1 comentário:
Compreende-se que um purista da música country (ou folk americano) não goste deste disco. Mas "Americana" está longe, muito longe de ser um mau disco do Neil Young com os Crazy Horse. Pessoalmente sempre preferi o senhor a solo (acústico ou eléctrico, conforme o estado de espírito), mas o som da parceria NYCH parece imutável no tempo, pelo que os amantes de outrora não sairão desapontados.
Enviar um comentário