Declaração de interesses: sou fã de José Cid e ponto final!
Posto isto, tenho de lhe dar, para já, na cabeça: como é possível ter autorizado uma capa destas?
Bem sei que não se julga uma obra pela sua capa, mas também sei que os olhos também comem.
Quantas vezes se compram discos por causa das capas! E, na maior parte das vezes, as duas coisas até estão associadas, ou seja, uma bela capa pode indiciar um belo conteúdo!
(by the way, acaso já repararam nos livros da editora britânica Vintage Books? Não dá mesmo vontade de comprar, sem conhecer mesmo o conteúdo?)
Vamos ao conteúdo de "Quem Tem Medo De Baladas" (Farol, FAR11283, 2011):
CD1
Tocas Piano (José Cid/Nuno Barroso) - O Amor É Cego - Um Louco Amor - Rumo Ao Sul (Jorge Fernando) - O Verão Chegou Tão Tarde... (Gonçalo Tavares) - Adeus, Até Um Dia (Tó Águas/José Cid) - Cavalos De Fão (José Cid/Gary Brooker) - Para Lá Do Marão - Tempestades (Ana Sofia Cid/José Cid) - São Tão Longos Os Caminhos (baseado num conto hindu) - Discussão (Newton Mendonça/António Carlos Jobim) - El Toro Y La Luna (Carlos Castellano Gomez) - Rei Da Ilusão (Pedro Nuno de Mello) - My Voice (Ana Sofia Cid/José Cid)
CD2
Um Dia (Sophia de Mello Breyner/José Cid) - Bárbara Dos Trovões (Vitorino/José Cid) - My Guardian Angel (Sétima Legião) - Como Uma Flor No Deserto (Ana Sofia Cid/José Cid) - Mellow Yellow (Donovan) - Sei Quem Eu Sou (Nazzarym Navarro) - O Melhor Tempo Da Minha Vida - Mais 1 Dia (versão acústica) (José Cid/Nuno Barroso) - Medley - Canções De Sempre
À parte a (horrível) capa, o disco é uma agradável surpresa.
O próprio, megalómano as usual, diz-me que não há ninguém neste Mundo, com mais de 60 anos, a compôr e a cantar como ele!
Descontado o óbvio exagero, é justo reconhecer que, inter pares, José Cid ainda distribui jogo! É certo que falamos daquele segmento da música tida como música ligeira. Nada de vanguardismos e/ou avant-gardes ou/e outras intelectualidades. Já foi tempo!
Não sei se há aqui Lendas de D. Sebastião ou Baladas Para D. Inês ou hinos de Campo Pequeno, mas há certamente canções para deleite, como, por exemplo, o pungente "Adeus, Até Um Dia", dedicado a um cantor tragicamente falecido há uma década (Eduardo Vilanova), que solta lágrimas.
Em conversa de 15m ao telemóvel, José Cid pede-me sobretudo que ouça com atenção o álbum: trata-de um disco cuja masterização final é analógica.
Isso não é vulgar, além de que metade do álbum foi também gravado analogicamente, diz.
Até acredito que isso seja verdade. A questão é: o público saberá reconhecer esse desiderato? O público - digo eu! - quer saber é das canções!
"Cavalos de Fão" é uma fantástica versão de "Homburg", dos Procol Harum, com o próprio José Cid no Hammond, "Para Lá Do Marão" tem uma meritória prestação de gaita de foles de Amadeu Magalhães.
José Cid chama-me a atenção para "Tempestades", um dueto com sua filha Ana Sofia, e para a bateria de Carlos Vieira, que hoje toca jazz na China. OK, é interessante, é jazzy, mas não é disto que uma pessoa está à espera de um disco de José Cid.
"El Toro Y La Luna", um dos hinos das heróicas noites do Bugix, da EXPO '98, em cima das mesas, tem aqui um tratamento muito mais soft, "Um Dia" tem poema de Sophia de Mello Breyner, "Bárbara Dos Trovões" é de Vitorino, "My Guardian Angel" ("Sete Mares") da Sétima Legião, "Mellow Yellow", claro, de Donovan.
Tenho para mim que este disco mereceria um outro carinho editorial. Oxalá que o público não me dê razão.
LPA
PS - José Cid revelou-me que as pinturas do disco são da autoria de Bob Paris. Pena que não tivesse sido relevadas!
3 comentários:
gostei.....................
alguns destes temas foram tocados no espectáculo que ele deu este Verão em Oliveira de Frades. Incluindo o "para lá do Marão", com a arrepiante gaita de foles...
boa! tiveste a sorte de o ver/ouvir, mas eu não!
LT
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