COLUMBIA - 33CSX 21 - 1960
Side 1
Senhora Do Monte - Lembro-me De Ti - O Amor É Água Que Corre - Mocita Dos Caracóis - A Viela - Ironia
Side 2
A Casa Da Mariquinhas - Amor De Mãe - A Menina Do Mirante - O Lenço - O Bêbado Pintor - O Leilão
Não escondo que não nutro pelo fado de Lisboa o mínimo apreço. Desculpem-me os fãs. Mas o que tem que ser, tem muita força.
É o caso deste LP de Alfredo Marceneiro. Não o ouvi, nem tenciono ouvi-lo, mas tem um lugar na história da música portuguesa (será que está na auto-proclamada Enciclopédia?).
A revista Blitz considerou-o um dos melhores álbuns portugueses da década de 60.
Side 1
Senhora Do Monte - Lembro-me De Ti - O Amor É Água Que Corre - Mocita Dos Caracóis - A Viela - Ironia
Side 2
A Casa Da Mariquinhas - Amor De Mãe - A Menina Do Mirante - O Lenço - O Bêbado Pintor - O Leilão
Não escondo que não nutro pelo fado de Lisboa o mínimo apreço. Desculpem-me os fãs. Mas o que tem que ser, tem muita força.
É o caso deste LP de Alfredo Marceneiro. Não o ouvi, nem tenciono ouvi-lo, mas tem um lugar na história da música portuguesa (será que está na auto-proclamada Enciclopédia?).
A revista Blitz considerou-o um dos melhores álbuns portugueses da década de 60.
28 comentários:
José Afonso e Alfredo Marceneiro são as duas mais importantes personalidades da música popular portuguesa do século XX.
Sem menosprezar Marceneiro, para mim há três grandes nomes na música popular portuguesa contemporânea: Amália Rodrigues, José Afonso e José Cid.
A Amália fadista - a que vale a pena - dura demasiado pouco tempo: o resto são as concessões ao mau gosto e à música pseudo-folclórica. E como personalidade... Sobre Cid, o pudor obriga-me a não comentar...
É impossível ver Amália, Zeca ou Cid por um só prisma, a obra de qualquer um deles contém vários universos distintos e fascinantes. Todos têm os seus pecadilhos, claro, mas quando a obra é de vulto até isso se pode perdoar.
Lá está: os portugueses têm um coração demasiado generoso que marcha ao ritmo da sua falta de rigor. Como costumo dizer, "da cabeça ao rabo é tudo toiro"!...
Não estou de acordo com a escolha, Bissaide.
Apesar de talentoso compositor, José Cid não alcançou estatuto universal. No sentido em que não o podemos equiparar, a nível artístico, com expoentes da cultura popular mundial.
Separadas as distâncias de estilo, contexto cultural e geográfico, nunca poderemos considerar José Cid ao nível de Bob Dylan, Rolling Stones, Ray Charles, Pink Floyd, Beatles, Ray Davies, Brian Wilson, Pete Townshend, Elvis Presley, Jimi Hendrix, ou David Bowie...
Ora bem, separadas as distâncias de estilo e contexto cultural e geográfico, Amália Rodrigues, Marceneiro ou José Afonso alcançaram patamares de originalidade e excelência artísticas semelhantes aos artistas acima referidos.
O que podemos afirmar é que, infelizmente, o legado da música popular portuguesa é muito pobre.
E, não estou de acordo com a escolha, JC. Incluo a Amália no panteão, assim como o Mestre Carlos Paredes.
nota - sou ainda menos fã do Fado que o nosso amigo Ié-Ié... todavia, sou o primeiro a admitir: fora do Fado, só mesmo o Paredes!
Filhote: incluo sem qualquer dúvida Carlos Paredes, obrigado pela lembrança. Não estava a pensar num estatuto universal, em que de facto Cid fica uns furos abaixo de Zeca, Amália e Paredes. Mas não muitos...
Coloco o grande Carlos Paredes um pequeno degrau abaixo dos dois que citei. Isso não se passa c/ Amália, que cedeu demais e demasiado tempo ao mundo do music-hall. Note-se que falo de "personalidades", com tudo o que isso envolve no conceito, e não apenas de "artistas", ou "músicos", ou intérpretes.
Salvo erro, este foi o primeiro LP da música portuguesa, um marco ímpar da história da discografia portuguesa.
De acordo com Amália, Marceneiro ( o expoente máximo do chamado fado castiço), Carlos Paredes, Zeca e Cid ( um dos incontestáveis pais do "rock português" e a mais longa e sucedida carreira neste âmbito).
E porque não incluir também neste lote, do melhor do sec. XX, Carlos do Carmo e Fausto ?
JR
Acrescentaria que,
este primeiro LP da música portuguesa comemora este ano o cinquentenário ( tal como o início da carreira dos
Beatles !
Se utilizássemos o critério da primeira edição discográfica como início de carreira como se pretende com os Beatles, teríamos de anular todo o historial de Marceneiro anterior ao seu primeiro disco, o que, julgo, ninguém o fará).
Aditaria ainda ao rol dos melhores do sec XX, a dupla Rui Veloso/ Carlos Tê e Sérgio Godinho ( de Pré-Histórias e Sobreviventes )
JR
Claramente que JR não leu bem os posts e/ou os comentários sobre "os 50 anos dos Beatles".
Não vi ninguém a defender "o critério da primeira edição discográfica como início de carreira como se pretende com os Beatles".
Eu, pelo menos, não defendo!
Para mim, o início dos Beatles é a 06 de Julho de 1957, há 53 anos!!!
LT
JR: o Carlos do Carmo? O Rui Beloso? Ai que me dá uma coisinha má! É o que eu digo, utilizando a propósito a linguagem tauromáquica: da cabeça ao rabo é tudo toiro! Já agora, nunca ouvi falar em fado castiço: há fado (fado operário, fado jocoso, fado aristocrático, fado republicano, consoante os temas que aborda) e o resto (fado-canção e tretas semelhantes) são cantigas.
Quanto à Amália, JC, compreendo os argumentos expostos.
No entanto, os poucos anos "revolucionários" e "transcendentes" da artista valem por 50 anos de carreira de muitos outros. Nesse sentido, podemos compará-la a Elvis Presley...
Fabulous Marceneiro
Busto
Ma Noronha
Carlos do Carmo
Carlos Paredes
Manuel de Almeida
são os discos que estão naquela lista dos Melhores discos da música
http://quexting.di.fc.ul.pt/teste/publico95/ED951107.txt
Parece-me que o estatuto universal é algo muito subjectivo. Nessa vertente os Madredeus deram cartas e eu não os incluiria numa lista restrita. Já o José Cid basta pensar na Lenda de El Rei D. Sebastião (internamente) e no 10000 anos depois (externamente). Depois temos casos fantásticos e muito esquecidos como o Duo Ouro Negro. A história destes últimos é deslumbrante em termos internacionais.
De acordo, Luís! O Duo Ouro Negro é um dos grandes tesouros da música portuguesa, se é que assim se pode dizer.
Caro JC:
"Ar de Rock" ( que agora faz 30 anos) foi emblemático para o relançamento do rock português. Não esqueço o que a dupla Rui Veloso / Carlos Tê brindou com temas relevantes, de que saliento, por todos, "Porto Covo" e o tema "Maubere", que receberiam elogios internacionais.
( Apesar do dito ter tocado com, entre outros, B.B. King, não digo que seja universal, mas tão simplesmente uma das figuras incontornáveis da música lusa dos últimos 20 anos do Sec. XX).
Espanta-me ainda mais o pasmo com a referência a Carlos do Carmo.
É que este é uma das grandes referências do fado português, uma longa carreira que, prolongando as raízes maternas, acabaria por se firmar como um dos dos mais universais, tendo marcado presença em inúmeros concertos em salas de referência, como o Olympia, tendo inclusivamente vencido um festival internacional realizado, salvo erro, na ex-Jugoslávia com o acompanhamento da orquestração de Thilo Krassman.
É também um dos cantores que mais e melhor divulgou a poesia portuguesa, com realce para Ary dos Santos. O álbum "Um Homem na Cidade" e o gravado ao vivo com sua mãe no "Taipas" são naturalmente referências da música portuguesa do sec. XX.
Sempre achei que " se queres ser universal mostra a tua aldeia" e Carlos do Carmo foi daqueles que mostrou muito e continua a mostrar Lisboa ao mundo.
Por isso Caro JC, se lhe vai dar uma coisinha, receio que a causa patológica mereça uma segunda observação médica sob pena de erróneo diagnóstico (risos).
Cumprimentos
JR
Caro IE-IE
Só posso respeitar a sua opinião segundo a qual o Beatles é a 06 de Julho de 1957, portanto há 53 anos.
Todavia, escapa-me uma coisa.
É que, salvo erro, em 1957 não havia uma banda chamada "The Beatles" coisa que, como se infere num outro seu comentário,só viria a ocorrer em 1960.
Sendo que os Yarbirds não se podem confundir os Led Zeppelin, ou os Deep Purple com os Whitesnake, apesar de alguns elementos comuns, o que deveria relevar seria o elemento identitário como banda e a divulgação pública da sua música referida a este elemento identitário.
No caso dos Beatles o nome da banda ocorre em 1960, o mesmo ano em que começam os concertos de Hamburgo ( alguns também em Liverpool).
Por esta razão, existem autores e enciclopédias a afirmar a existência dos Beatles desde 1960.
Cito por exemplo o Telegraph, sob o título de "The Beatles in Hamburg: 50 years on from the band's first concert" segundo o qual :
"Is no exaggeration to say that it was in Hamburg that the Beatles properly learnt how to play as a band ("It was our apprenticeship," Harrison said); it was in Hamburg where they made their first recording (as the backing band on a Tony Sheridan version of My Bonnie); and it was in Hamburg that John, Paul and George first played together with Ringo Starr (he was at the time the drummer with the rather superior Rory Storm and the Hurricanes, and told the lads that they had better work on their act if they wanted to get him to join). "
Se George Harrison e o Telegraph ( para não falar na Wikipedia) o dizem ...."
Cumprimentos
JR
PS : O artigo pode ser lido em detalhe aqui :
http://www.telegraph.co.uk/travel/artsandculture/7949677/The-Beatles-in-Hamburg-50-years-on-from-the-bands-first-concert.html
Amigo LSO, o estatuto universal não é assim tão subjectivo.
Antes de tudo, ele pressupõe a transcendência de limitações, barreiras, fronteiras - embora o foco artístico possa ser a tal "aldeia" referida pelo JR - e pressupõe um legado de influência consequente e duradoiro.
(exemplos de como a "aldeia" se projecta no universal: Os Beatles, cantando sobre uma rua de Liverpool; Willie Dixon, escrevendo sobre o Mississipi; Bob Marley, espalhando o Reggae pelo mundo; Tom Jobim, cantando sobre uma "Garota de Ipanema"...)
Depois, não podemos confundir algum sucesso comercial internacional com verdadeiro impacto artístico e cultural nas outras comunidades.
Os Madredeus, não querendo de forma alguma retirar-lhes excelência musical, não têm a importância de, por exemplo, uns Fairport Convention...
Sejamos realistas: por mais que gostemos da sua música, José Cid terá lugar assim tão significativo na História da Música Popular?
A menos que nos queiramos cingir a este "quintal à beira-mar plantado", ou ao "Portugal dos Pequeninos", como cantou António Manuel Ribeiro. Nesse caso, colocarei o José Cid e os Madredeus lá em cima. E o Carlos do Carmo e o Rui Veloso, claro.
O problema, meus caros, é que a música não deve ter fronteiras...
Mas calma, muita calma! Apenas estamos a debater cultura popular, sempre dominada pelas emoções e gostos de cada um. Afinal, como afirmou um dia Keith Richards: "art is just short for Arthur"...
Voltando aos nossos queridos TOP 10, aqui revelo os meus preferidos, a nível nacional, por ordem aleatória:
BANDAS
01. Sheiks
02. Quarteto 1111
03. Filarmónica Fraude
04. UHF
05. Banda do Casaco
06. G.A.C.
07. Trovante
08. G.N.R.
09. Xutos & Pontapés
10. Ornatos Violeta
ARTISTAS SOLO
01. Sérgio Godinho
02. Rui Veloso
03. Daniel Bacelar
04. Amália Rodrigues
05. Jorge Palma
06. José Afonso
07. António Variações
08. Alfredo Marceneiro
09. Legendary Tiger Man
10. Carlos do Carmo
JC: restringindo a análise ao território artístico nacional, considero de enorme importância a obra de Rui Veloso e Carlos Tê.
E só não me alongo mais neste tema por o já ter feito neste blogue...
Qual a dúvida, JC? Que voz, que guitarra, que discos, que canções, senhores!!!!
Aliás, longe de Portugal, quando me pedem uma canção genuinamente portuguesa, pego na guitarra e canto o "Porto Sentido"...
Poupando tempo e palavras, queiram por favor ler aqui as minhas opiniões sobre a MPP: http://eusouogatomaltes.blogspot.com/search/label/m%C3%BAsica%20popular%20portuguesa
Como diria o LT, depois comecem a atirar os cocos!
Abraço
Cada um puxa a brasa à sua sardinha, caro JR. Ao "Telegraph" interessou-lhe esta brasa!
Não vi nos "sítios credíveis do costume" alguém assinalar os "50 anos dos Beatles".
Não importa! O que importa é que se fale, nem que seja para dizer bem...
Mas, segundo a sua tese, caro JR, também Portugal não "nasceu" em 1140.
LT
Caro IE-IE
D. Afonso Henriques intitulava-se “Rex” desde 1140. Antes de 1140 a mãe D. Teresa já se intitulava de “Regina”. Para dissipar as dúvidas, em 1143, Afonso VI o rei de Castela e Leão, primo e ex-suserano de D. Afonso Henriques veio reconhecer pelo tratado de de Zamora a independência do território confinado ao Condado Portucalense que passava a Reino sendo esta a data firmada pela maioria dos historiadores como o início de Protugal.
No caso de Portugal “os sítios credíveis do costume” eram apenas Afonso VI o rei de Castela e Leão e o Papa Alexandre II que daria o sua confirmação pela bula "Manifestis Probatum"a troco de umas onças de ouro que o rei português se foi "esquecendo" de pagar, reconhecendo ambos o Reino independente de Portugal o que facilita a determinação do início de Portugal.
Todavia, não faltam historiadores a estabelecer uma autonomia alargado desde tempos mais recuados, muito para além de “yesterday”.
Quanto ao início dos Beatles como banda eu sigo como fonte credível (infelizmente jã não se pode dizer “do costume”) … George Harrison, citado pelo Telegraph, respeitando também, e muito, a opinião do Caro IE-IE.
Ocorre-me só uma pergunta:
Quando é que "os sítios credíveis do costume" vão declarar o cinquentenário dos Beatles ?
Se o não fizeram até agora, resta-lhes um pedaço redondo e negro de um derivado do petróleo com umas estrias e uns desagradáveis zumbidos e crepitações com um informe a dizer "Love me Do".
Para estes sítios eu devolvo:
"PS: I don't Love You"
1960.
HAPPY BIRTHDAY BEATLES
Cumprimentos
JR
Já li, JC, e gostos e emoções à parte, estou globalmente de acordo com a análise do Gato Maltês.
Mas o que seria da música sem os gostos e emoções (Filhote) e de um país sem uma data de fundação (JR)?
Por mim, não há como declarar os "50 anos dos Beatles", como diriam os nossos amigos brasileiros.
Os Beatles são intemporais, embora tenham "muitos 50 anos" para assinalar...
LT
(e se um amigo lhe oferece flores)
Terça-feira, Março 25, 2003
Misericórdia:
E quem nunca ouviu o Fabulous Marceneiro (o disco que foi gravado com o lenço a vendar-lhe os olhos, para diminuir a aflição causada pela tecnologia) merece ser objecto das nossas súplicas.
http://vozdodeserto.blogspot.com/2003_03_01_archive.html
Enviar um comentário