Um dia pediram a Louis Armstrong que definisse o “swing”.
Como não era de modas o velho “Satchmo” atalhou:
“Se tem que perguntar nunca saberá”.
Numa simples frase, uma tese que remete o “swing” para algo que fica além de notas, partituras, fraseados, cantos, o que quer que seja.
Swing é também aquele menear de ancas que Miles Davis via em Juliette Greco e que, há dias, aqui chegou:
Pelo swing o jazz pode ser para aqui chamado?
Como a ignorância é atrevida, ele diz que sim. Melhor: que ambos são maneiras de estar na vida.
Por um Natal, o “Santa Claus” da Aida não lhe deu meias altas de lã, ou uma garrafa de gin, ou um pacote de tabaco “Captain Black”. Deparou-se-lhe, então, uma colecção de bonecos, no fundo uma banda de jazz.
Como cá pela casa ninguém pergunta o que é o “swing”, o presente natalício constituiu o que para aí a rapaziada chama um “must”.
Os que se vêem na parte de trás da imagem são a banda chegada com o primeiro Natal. O ver, talvez seja um pouco aleatório, porque a imagem que sai da máquina fotográfica, comprada no chinês, é de última gaveta.
No Natal seguinte, com o mesmo gosto, o mesmo “swing”, chegou a banda dos bonecos mais pequenos, os que estão colocados no primeiro plano da fotografia.
Se este blogue permitisse colocar músicas em fundo – matéria a ser discutida no próximo congresso do blogue – vocês estariam a ouvir o velho Louis a cantar, com as suas “All Stars”,
Christmas In New Orleans".
Imaginem apenas.
Esta evocação dos bonecos que a Aida, por Natais, lhe ofereceu, não ficaria como ele quer que fique, se não colocasse estas palavras, lidas já não sabe onde, de Natália Correia sobre jazz:
“O Jazz nasceu à beira de um abismo. O corpo em situação extrema a descobrir a alma. Não a alma pendurada numa parede do museu teológico, mas a psique aprisionada nas masmorras da santa sé da moral que se liberta no grito que o homem lança no limiar do abismo. O grito é o orgasmo: o Jazz. É neste sentido que se pode falar de um erotismo do Jazz: a escalada de psique para eros. Escalada, apenas. Nunca o ponto de repouso da chegada. Por isso o Jazz é tensão, estirada, dor agudíssima, os ingredientes que elaboram o orgasmo em suspensão. Por isso o Jazz não é terminal, recusa-se a um fim, continua mesmo quando acaba. É fome de amor que se alimenta da insatisfação. Por isso no Jazz se abre o leque dos sons com que a lost generation ventilou o seu rosto afogueado pelo último Verão do mundo. Poesia sem letras, magia sem esperança, assembleia de bacantes na festa do descobridor da vinha, limando as unhas para arrancar olhos aos usurpadores do sonho. Porque no Jazz o que importa, acima de tudo, é não acordar!”
Colaboração de Gin-Tonic
Como não era de modas o velho “Satchmo” atalhou:
“Se tem que perguntar nunca saberá”.
Numa simples frase, uma tese que remete o “swing” para algo que fica além de notas, partituras, fraseados, cantos, o que quer que seja.
Swing é também aquele menear de ancas que Miles Davis via em Juliette Greco e que, há dias, aqui chegou:
Pelo swing o jazz pode ser para aqui chamado?
Como a ignorância é atrevida, ele diz que sim. Melhor: que ambos são maneiras de estar na vida.
Por um Natal, o “Santa Claus” da Aida não lhe deu meias altas de lã, ou uma garrafa de gin, ou um pacote de tabaco “Captain Black”. Deparou-se-lhe, então, uma colecção de bonecos, no fundo uma banda de jazz.
Como cá pela casa ninguém pergunta o que é o “swing”, o presente natalício constituiu o que para aí a rapaziada chama um “must”.
Os que se vêem na parte de trás da imagem são a banda chegada com o primeiro Natal. O ver, talvez seja um pouco aleatório, porque a imagem que sai da máquina fotográfica, comprada no chinês, é de última gaveta.
No Natal seguinte, com o mesmo gosto, o mesmo “swing”, chegou a banda dos bonecos mais pequenos, os que estão colocados no primeiro plano da fotografia.
Se este blogue permitisse colocar músicas em fundo – matéria a ser discutida no próximo congresso do blogue – vocês estariam a ouvir o velho Louis a cantar, com as suas “All Stars”,
Christmas In New Orleans".
Imaginem apenas.
Esta evocação dos bonecos que a Aida, por Natais, lhe ofereceu, não ficaria como ele quer que fique, se não colocasse estas palavras, lidas já não sabe onde, de Natália Correia sobre jazz:
“O Jazz nasceu à beira de um abismo. O corpo em situação extrema a descobrir a alma. Não a alma pendurada numa parede do museu teológico, mas a psique aprisionada nas masmorras da santa sé da moral que se liberta no grito que o homem lança no limiar do abismo. O grito é o orgasmo: o Jazz. É neste sentido que se pode falar de um erotismo do Jazz: a escalada de psique para eros. Escalada, apenas. Nunca o ponto de repouso da chegada. Por isso o Jazz é tensão, estirada, dor agudíssima, os ingredientes que elaboram o orgasmo em suspensão. Por isso o Jazz não é terminal, recusa-se a um fim, continua mesmo quando acaba. É fome de amor que se alimenta da insatisfação. Por isso no Jazz se abre o leque dos sons com que a lost generation ventilou o seu rosto afogueado pelo último Verão do mundo. Poesia sem letras, magia sem esperança, assembleia de bacantes na festa do descobridor da vinha, limando as unhas para arrancar olhos aos usurpadores do sonho. Porque no Jazz o que importa, acima de tudo, é não acordar!”
Colaboração de Gin-Tonic
6 comentários:
Maravilha!
Talvez que ela, um dia, se lembre de mim... E até poderá fazê-lo em prestações mais alargadas...
O Luís Armaestrondo já era merecedor de etiqueta :)
bem como o Jazz
Mas que colecção GIRISSIMA de bonecos dedicada ao JAZZ.
LUIS
Por muito que procurasse no chinês não encontrei lá estas figuras
FINALMENTE!!!!!
caro Hugo
Quando é que tu te decides a publicar uma selecção das tuas maravilhosas prosas.
É realmente um prazer lêr tudo o que tu escreves.
Não há dúvida que nasceste para isto.
Numa "terra" onde qualquer "bicho careta" escreve livros armado em intelectual.é realmente uma pêna estares-te a perder desta maneira.
Enfim....é a tal coisa......
A isto pode-se chamar de texto com swing!
Bom Natal, Gin-Tonic!
Bom Natal, Aida!
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