domingo, 6 de dezembro de 2009

MOTHER ROAD 05


Algumas partes da viagem, como era o caso da subida das Montanhas Negras a caminho de Oatman, de que vos falei na última “crónica” , eram feitas de noite, para evitar o sobreaquecimento dos carros… E a chegada a esta placa identificadora da entrada no Estado da Califórnia era vista como uma festa, muito embora ainda houvesse um deserto para atravessar…

O Sol esgotava as terras rochosas, já de si áridas e, em frente, erguiam-se serras caóticas, de cristas quebradas – a muralha ocidental do Arizona. E agora a família fugia ao Sol e à seca. Viajara a noite toda e chegara também de noite às montanhas. Trepara durante a noite as muralhas denteadas e a fraca luz dos faróis errara nas paredes de pedra clara que orlava a estrada. Passou o pico ao anoitecer e desceu vagarosamente através das velhas ruínas pedregosas de Oatman e, quando a madrugada chegou, viu, lá em baixo, o rio Colorado. A viagem continuou até Topock e a família teve de estacionar na ponte, enquanto um guarda da fronteira raspava o papelzinho que havia sido pregado no pára-brisas. Depois, atravessou a ponte e penetrou no deserto selvagem e rochoso. E, embora estivesse mortalmente cansada e o calor matinal fosse aumentando, resolveu parar.

O pai avisou:
- Chegámos … estamos na Califórnia!

John Steinbeck – “As Vinhas da Ira”

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