E um simples furo de pneu era motivo de angústia…
Temos de arranjar um pneu novo, mas – Deus do Céu! – eles querem tanto dinheiro por um pneu usado! Eles põem-se a olhar para nós e sabem que a gente tem de viajar de qualquer maneira, que não podemos perder tempo. Então, aumentam o preço.É pegar ou largar! Pensa que eu estou aqui no negócio para me divertir? Estou aqui para vender pneus. Não lhos posso dar de presente. Não tenho culpa nenhuma do que vos aconteceu. Eu também tenho cá as minhas arrelias.
A que distância fica a próxima cidade?
Ontem passaram por aqui quarenta e dois carros, cheios de gente como vocês. De onde vêm eles? E aonde vão?
Bem, a Califórnia é um grande estado.
Mas também não é assim tão grande. Os Estados Unidos juntos não são assim tão grandes como isso. Não há lugar para vocês e para mim, para a sua gente e para a minha, para ricos e para pobres, todos num só país, os ladrões e a gente honesta. Para os esfomeados e para os fartos. Porque não voltam para o sítio de onde vieram?Isto aqui é um país livre… A gente vai para onde quiser.
Isso é o que você pensa! Já ouviu falar das patrulhas de polícia na fronteira da Califórnia? É a polícia de Los Angeles – prende-os e manda-os voltar para trás. Eles dizem: se vocês não vêm para cá com a ideia de comprar terras, não os queremos cá. E dizem: você tem carta de motorista? Deixe ver. Então, rasgam a carta e dizem: sem carta de motorista, você não pode entrar no estado com esse camião.
Mas estamos num país livre!
- Vá atrás disso, vá! Já houve alguém que disse: a liberdade depende da massa que a gente pode pagar por ela.
Mas na Califórnia, eles pagam salários altos. Eu tenho até um impresso em que diz isso mesmo.
Ora! Isso não passa de uma cantiga! Vi gente que regressava de lá. Vocês foram intrujados. Afinal, quer levar esse pneu ou não quer?
John Steinbeck – “As Vinhas da Ira”
Fotografia de Dorothea Lange
Temos de arranjar um pneu novo, mas – Deus do Céu! – eles querem tanto dinheiro por um pneu usado! Eles põem-se a olhar para nós e sabem que a gente tem de viajar de qualquer maneira, que não podemos perder tempo. Então, aumentam o preço.É pegar ou largar! Pensa que eu estou aqui no negócio para me divertir? Estou aqui para vender pneus. Não lhos posso dar de presente. Não tenho culpa nenhuma do que vos aconteceu. Eu também tenho cá as minhas arrelias.
A que distância fica a próxima cidade?
Ontem passaram por aqui quarenta e dois carros, cheios de gente como vocês. De onde vêm eles? E aonde vão?
Bem, a Califórnia é um grande estado.
Mas também não é assim tão grande. Os Estados Unidos juntos não são assim tão grandes como isso. Não há lugar para vocês e para mim, para a sua gente e para a minha, para ricos e para pobres, todos num só país, os ladrões e a gente honesta. Para os esfomeados e para os fartos. Porque não voltam para o sítio de onde vieram?Isto aqui é um país livre… A gente vai para onde quiser.
Isso é o que você pensa! Já ouviu falar das patrulhas de polícia na fronteira da Califórnia? É a polícia de Los Angeles – prende-os e manda-os voltar para trás. Eles dizem: se vocês não vêm para cá com a ideia de comprar terras, não os queremos cá. E dizem: você tem carta de motorista? Deixe ver. Então, rasgam a carta e dizem: sem carta de motorista, você não pode entrar no estado com esse camião.
Mas estamos num país livre!
- Vá atrás disso, vá! Já houve alguém que disse: a liberdade depende da massa que a gente pode pagar por ela.
Mas na Califórnia, eles pagam salários altos. Eu tenho até um impresso em que diz isso mesmo.
Ora! Isso não passa de uma cantiga! Vi gente que regressava de lá. Vocês foram intrujados. Afinal, quer levar esse pneu ou não quer?
John Steinbeck – “As Vinhas da Ira”
Fotografia de Dorothea Lange
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