Retirei deste seu estimado blog este folheto e publiquei-o no meu blog, num artigo que publiquei acerca deste cinema no início deste mês, sem antes lhe ter pedido.
Espero que não se importe. Fiz a devida referência da sua proveniência.
Este filme conta com uma das cenas mais idílicas e memoráveis da história do cinema.
É o momento em que uma deslumbrante e graciosa Grace Kelly e o magnífico “crooner” Bing Crosby, partilhando uma pequena embarcação que vagueia nas ondas de um mar dispensando a tramontana iluminado que está por tão inspiradores navegantes, como que fazendo um intervalo entre os perigos e os abismos para nele espelhar o céu e fazer de “decor” para amantes que juram a rota de “True Love” tendo o céu por limite, cantando e popularizando a homónima e extraordinária canção composta pelo inimitável Cole Porter dotada de lírica tão simples quanto elegante, aliás, a imagem vale mais que mil palavras e nem o cinema do Restelo nas proximidades do local dos cépticos velhos dos Lusíadas pode desmerecer tanto engenho e arte que da lei da morte se vai libertando.
Se entretanto tivessem deitado redes ao mar certamente que os peixinhos não deixariam de render-se também ao tão doce e catártico isco da sereia só semelhante a um sermão de S. António aos peixes, um Santo casamenteiro também bem apropriado para a ocasião.
Se existe uma ideia de paraíso na Terra, esta pode muito bem ser uma delas.
Vale a pena rever tal cena em : https://www.youtube.com/watch?v=5UPHAfvbs08
Quis o destino que duas fatalidades viessem a assombrar tão doce idílio. A primeira foi o facto de Grace ter optado mudar as angulas da rota de navegante de uma fulgurante carreira cinematográfica, cujo maior prodígio ainda foi na “Janela Indiscreta” sob a magistral direcção de Alfred Hitchcock, para recolher às mais discretas janelas de uma protocolar Princesa do Mónaco, uma real ascenção à “High Society” que nunca lhe poderia valer tanto reconhecimento como a beleza e o talento artístico com que despontou no cinema. Foi a rota que escolheu, melhor, a derrota.
A segunda foi que o saudoso melhor instrumentista dos Beatles, George Harrison, lhes fizesse a “desfeita” de também aproveitar a mesma canção de Cole Porter para produzir uma sublime “cover” com a inconfundível e exclusiva magia da sua “slide guitar” ( há muito que espero que apareça alguém capaz de produzir os ainda enlutados sons, embora suspeite que vou ter que aguardar mais do que Penélope esperou pelo fim da odisseia de Ulisses, ou até uma espera interminável como a de Godot).
Vale a pena ouvir também esta “cover” de Harrison com a letra respectiva em:
https://www.youtube.com/watch?v=Sc01zF6DYXs
Depois de ouvir as duas versões só os anjos conseguem escolher a melhor. Eu não consigo.
5 comentários:
Caro Luís Pinheiro de Almeida
Retirei deste seu estimado blog este folheto e publiquei-o no meu blog, num artigo que publiquei acerca deste cinema no início deste mês, sem antes lhe ter pedido.
Espero que não se importe. Fiz a devida referência da sua proveniência.
Os meus cumprimentos
José Leite
Caro José Leite:
Fico até muito honrado, obrigado! E doravante poderá utilizar o que muito entender, está vitaliciamente autorizado.
Cumprimentos,
LPA
Caro Luís Pinheiro de Almeida
Muito grato pela sua gentileza.
Os meus cumprimentos
José Leite
Este filme conta com uma das cenas mais idílicas e memoráveis da história do cinema.
É o momento em que uma deslumbrante e graciosa Grace Kelly e o magnífico “crooner” Bing Crosby, partilhando uma pequena embarcação que vagueia nas ondas de um mar dispensando a tramontana iluminado que está por tão inspiradores navegantes, como que fazendo um intervalo entre os perigos e os abismos para nele espelhar o céu e fazer de “decor” para amantes que juram a rota de “True Love” tendo o céu por limite, cantando e popularizando a homónima e extraordinária canção composta pelo inimitável Cole Porter dotada de lírica tão simples quanto elegante, aliás, a imagem vale mais que mil palavras e nem o cinema do Restelo nas proximidades do local dos cépticos velhos dos Lusíadas pode desmerecer tanto engenho e arte que da lei da morte se vai libertando.
Se entretanto tivessem deitado redes ao mar certamente que os peixinhos não deixariam de render-se também ao tão doce e catártico isco da sereia só semelhante a um sermão de S. António aos peixes, um Santo casamenteiro também bem apropriado para a ocasião.
Se existe uma ideia de paraíso na Terra, esta pode muito bem ser uma delas.
Vale a pena rever tal cena em :
https://www.youtube.com/watch?v=5UPHAfvbs08
Quis o destino que duas fatalidades viessem a assombrar tão doce idílio.
A primeira foi o facto de Grace ter optado mudar as angulas da rota de navegante de uma fulgurante carreira cinematográfica, cujo maior prodígio ainda foi na “Janela Indiscreta” sob a magistral direcção de Alfred Hitchcock, para recolher às mais discretas janelas de uma protocolar Princesa do Mónaco, uma real ascenção à “High Society” que nunca lhe poderia valer tanto reconhecimento como a beleza e o talento artístico com que despontou no cinema. Foi a rota que escolheu, melhor, a derrota.
A segunda foi que o saudoso melhor instrumentista dos Beatles, George Harrison, lhes fizesse a “desfeita” de também aproveitar a mesma canção de Cole Porter para produzir uma sublime “cover” com a inconfundível e exclusiva magia da sua “slide guitar” ( há muito que espero que apareça alguém capaz de produzir os ainda enlutados sons, embora suspeite que vou ter que aguardar mais do que Penélope esperou pelo fim da odisseia de Ulisses, ou até uma espera interminável como a de Godot).
Vale a pena ouvir também esta “cover” de Harrison com a letra respectiva em:
https://www.youtube.com/watch?v=Sc01zF6DYXs
Depois de ouvir as duas versões só os anjos conseguem escolher a melhor. Eu não consigo.
retificação : "agulhas" em vez de "angulas"
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