segunda-feira, 18 de abril de 2016

SANTA IGNORÂNCIA E CRÍTICA


A propósito de uma colecção infame de fotocópias baratas de jornais, felizmente já retirada do mercado, sem sucesso...

Em 2016, ainda há quem ignore que,  nos termos do depósito legal, as publicações são obrigadas a remeter três exemplares para a Biblioteca Nacional.

Mais grave do que isso, ainda, é a obsessão de quem, sem o mínimo de dignidade e/ou legitimidade para omitir qualquer opinião, acredita que a oferta é para quem, em círculo de amigos próximos, acusava a (agora) protectora das coisas mais indignas, sobre as quais me abstenho de comentar.

À época, o bizarro "autor" nem sequer seria nascido...

Valha-me Deus!

PS (actualização em 18 de Abril de 2016) - por motivos profissionais (fui solicitado para uma crítica ao livro em causa), li com mais atenção e cuidado a colecção infame de fotocópias baratas de jornais.

É pior ainda do que a minha primeira impressão quando a folheei.

Além de omissões imperdoáveis, a chamada investigação revela-se altamente deficiente e amplamente incompetente.

De 93 fotocópias, 75 por cento pertencem ao Diário de Lisboa, 17 por cento ao Diário Popular, 3 por cento ao Diário de Notícias, 2 por cento ao Notícias de Lourenço Marques (porquê, se não há jornais de Angola, por exemplo?) e 1 por cento ao Jornal de Notícias e ao Primeiro de Janeiro.

Percebe-se a esmagadora maioria do Diário de Lisboa (sempre deu muitíssimo menos trabalho), mas não há mais jornais em Portugal?

A preguiça foi mais forte do que a pesquisa?

LPA

24 comentários:

Anónimo disse...

Belo, instrutivo e significativo post. Parabéns!

Realmente, há cada mente...

Anónimo disse...

Tão amigos que nós éramos...

Anónimo disse...

bem visto! na mouche! belo reparo! é mesmo ignorância...

Anónimo disse...

Um post totalmente cabalistico. Na minha interpretação, envolve AR e TL. Será assim?

Anónimo disse...

Pormenores, sff, para a gente perceber!

dmt disse...

A idade não é limitativa para que se possa escrever sobre determinados assuntos. Não estou dentro do meio mas parece-me que o depósito legal já não tão cumprido como antigamente. Além disso estamos a falar de edições de autor que não sei se tem tratamento distinto. Quem produziu as obras é que deve julgar se teve sucesso afinal as livrarias não são o único ponto de venda. A demanda pela informação e a concretização também são partes importantes do sucesso de uma empreitada. Eu se fosse colecionador dos beatles ficava conteve por haver iniciativas editoriais mesmo que imperfeitas. Há sempre tempo para a paz!

Anónimo disse...

"edições de autor"? "edições de chantagem", diria eu...

Anónimo disse...

Tricas de iniciados, diria eu.

dmt disse...

anónimo(S) - 7 dmt (2)

gps disse...

vamos fazer as pazes s.f.f.. Ninguém é dono da verdade e provavelmente terá havido falhas de comunicação.

Sugiro que retire a etiqueta

ié-ié disse...

Retirar a etiqueta? Qual? E porquê? Não percebi...

LT

Anónimo disse...

Não batam mais no ceguinho, já não tem emenda!

gps disse...

Consultando o blog dos autores do livro, constatei que inicialmente a introdução estaria a cargo de Hunter Davies e LPA. Já seria assim tão mau ? Gosto do referido blog e espero que o livro não seja tão mau como o LPA o "pinta"

gps disse...

Sugiro a pesquisa por "Pinheiro de Almeida", do tempo em que eram amigos, e continuo a achar que "Ninguém é dono da verdade"
e que "provavelmente terá havido falhas de comunicação".

Recordo igualmente o episódio de descoberta do disco de Jorge Palma, que muitos visitantes do blog certamente se recordarão

ié-ié disse...

???

Anónimo disse...

O caracter enigmático deste post aguçou-me o desafio de decifrar o enigma como se tratasse de resolver uma charada de palavras cruzadas.

Pus-me em campo, pesquisei, e a minha aposta vai para o livro “Os Beatles Populares - Os Beatles na Imprensa Portuguesa 1963-1970 - Os Jornais” da autoria de Abel Rosa, com introduções de Afonso Cortez e César Faustino, edição de autor, presumivelmente impresso na M.R. Artes Graficas, livro este que se apresenta com o conteúdo de “textos, cartoons, publicidade, design, capas e títulos, saboreando ao mesmo tempo o minimalismo sublime do preto e branco”.
Edição limitada, aparentemente esgotada, ao momento indisponível na Fnac.

Já o autor deste enigmático post é, conjuntamente com sua esposa, autor da “Bíblia” dos Beatles em Portugal com este mesmo nome “Beatles em Portugal” editado pela Assírio e Alvim em 2002, tendo, dez anos depois, como para comemorar o décimo aniversário, sido objecto de uma segunda edição, revista e aumentada.

E não estão sós. Antes de todos, José Jorge Letria já tinha editado "Os Beatles Contados aos Jovens".

Como curiosidade, o autor do primeiro dos livros citados mantém um Blog com nome “Beatles Forever !”, tendo ao longo dos anos ali apresentado uma impressionante “memorabilia” dos Beatles, tal como este mesmo Blog. Abel Rosa, Luís Pinheiro de Almeida e um coleccionador de Braga cujo nome não me vem à memória, serão os maiores coleccionadores lusos sobre a temática dos Beatles deixando muitos coleccionadores anglo-saxónicos corados de vergonha, para mais, os coleccionadores lusos têm uma vantagem inegável consistente nas muito apreciadas e valorizadas capas e discos de edição nacional.

Para adensar o mistério, o endereço de ““Beatles Forever !”de Abel Rosa, o putativo autor de “infame de fotocópias baratas de jornais” é :
http://teresa-beatlesforever.blogspot.pt/
Ora, esta “teresa” do endereço é Teresa Lage co-autora com seu marido Luís Pinheiro do acima referido “Beatles em Poltugal”, sendo igualmente ambos prestigiados históricos da rádio portuguesa.

JR,
arvorado em jornalista de investigação e decifrador de charadas

PS : Aconselhava aos aparentemente e, oxalá apenas momentaneamente confrontantes, a leitura integral da lírica da canção "We Can Work it Out" sobretudo na parte :
"Life is very short, and there's no time
For fussing and fighting, my friend
I have always thought that it's a crime"

Anónimo disse...

A Teresa será outra: Teresa L., que iniciou o blogue mencionado. Quanto ao mais, gabo a pachorra de reunir em livro as (quase sempre) imbecilidades que os jornais portugueses publicavam sobre Beatles e afins.

ié-ié disse...

Opiniões são opiniões e imprecisões são imprecisões e estas vale a pena corrigir não só para não alimentar ainda mais egos exarcebados, como também, e sobretudo, para repôr a verdade dos factos.

"Edição limitada, aparentemente esgotada, ao momento indisponível na Fnac": a edição foi de apenas 200 exemplares e conheço bem o processo de edição na M.R. Artes Gráficas porque já fui testemunha. Duvido que a edição tenha esgotado (mas é especulação minha). Está "indisponível na FNAC", porque a loja devolveu os exemplares não vendidos, findo o prazo.

Não sou coleccionador de Beatles, nem pouco mais ou menos, nem faço "corar de vergonha" seja quem fôr. Mas orgulho-me, isso sim, de ser o primeiro proprietário de memorabilia dos beatles dos anos 60 que possuo, nacional ou inglesa.

Em tempo algum, Teresa Lage colaborou com "o putativo autor de “infame de fotocópias baratas de jornais”". Credo! Vade retro Santana!

"Imbecilidade" e "incompetência" foi de quem reuniu em "livro" "as (quase sempre) imbecilidades que os jornais portugueses publicavam sobre Beatles e afins".

É verdade que "life is very short and there's no time for fussing and fighting", mas há traições e atentados à honra e à dignidade que não podem (nem devem) ser obnubilados.

LPA

Anónimo disse...

Então, em reposição da verdade, retiro a imprecisão da indicação de Teresa L. como sendo Teresa Lage, pessoa a quem apresento as minhas sinceras desculpa, assim como a Mr. Ié-Ié.

A coincidência do nome acrescida da primeira letra do apelido com que é conhecida e ainda a ligação a temática Beatles, além de fotos de almoços ou jantares onde todos os mencionados estão presentes, é, no mínimo, geradora de inocente equívoco. De tal forma que fui levado a pensar que originalmente "Beatles Forever !" resultaria de uma "joint venture" mais dedicada aos Beatles ao passo que Ié-Ié seria muito mais generalista e variado.

Valha-me a consolação que acertei no livro visado, para conforto de quem aqui suplicava, cito "Pormenores, sff, para a gente perceber!".

O segredo enigmático do "post" a tanto obrigou.

JR

ié-ié disse...

Só mais uma pequena precisão, a 2ª TL não sabe rigorosamente nada de Beatles...

Já agora, caro JR, já viu o "livro visado"?

LPA

Anónimo disse...

Caro Mr. Ié-Ié

Entre o V. post e o encerramento da Fnac decorreram oito horas, e, por grande coincidência, estive ontem nesse período de tempo na FNAC do C.C.Colombo. Porém, fosse qual fosse o meu esforço para encontrar o dito livro, o post era categórico no sentido dele já não se encontrar no mercado.
Isso não implica que o não tivesse já folheado anteriormente, embora não possa assegurar, se acaso o folheei não lhe terei dado a relevância que o post, esse sim, aguçou.

Foi nessa mesma FNAC ( tenho uma residência literalmente a metros do local ) que vi pela primeira vez a reedição da “Bíblia” ( “Beatles em Poprtugal”) mas fiquei deveras desapontado quando reparei que esta concorria na altura com um livro igualmente português dedicado aos Rolling Stones, nomeadamente a sua ligação com Portugal, livro este muito gráfico e de tamanho ofuscador mais parecendo um volume ilustrado da Encyclopædia Britannica, deixando a “Bíblia” Standing in the Shadow” para utilizar um conhecido tema destes, ou seja, ao pé daquele a “Bíblia” mais parecia “Nowhere Man”. Uma grande injustiça que um mero atraso do prelo pregou.

Acrescento que, amiúde, já tenho lido por aqui reproduções de artigos jornalísticos nacionais e estrangeiros cujo conteúdo ( o dos artigos reproduzidos ) bem podia ser igualmente qualificado de perfeitas “imbecilidades” como aquele que mencionava um psiquiatra americano a assegurar serem os Beatles perniciosos para o desenvolvimento mental da juventude ou o nacional que assegurava a vinda a Portugal e o montante envolvido.

Mas o ideal dos ideais, é isto :

http://guedelhudos.blogspot.pt/2013/03/lizzie-bravo-03.html

Assim o livro visado recolhesse tamanha confraternização.

JR

Anónimo disse...

Relembre só, a título de exemplo, um dos artigos a que me referi, a notícia da vinda dos Beatles Portugal por quatrocentos contos para actuar num estádio que iria ser pequeno.
Os detalhes em:
http://guedelhudos.blogspot.pt/2014/06/1-pagina-na-imprensa-portuguesa.html

Mesmo sendo artigos de imprensa categorizáveis nas referidas “imbecilidades” ( o termo não é meu), e este é um só exemplo entre outros aqui, porém, juntos eles dão um panorama da imprensa de então, o que não deixa de ser estimável. Logo, quem reúna artigos da época num livro não pode fugir a tais “imbecilidades” sob pena de dar uma imagem deturpada ou panegírica da realidade do jornalismo de então.

O livro ofuscante da 2ª edição de “Beatles em Portugal” foi o “Rolling Stones em Portugal” da autoria de Rolando Rebelo, ambos lançados no mesmo ano e em momentos muito próximos, sendo que este último tinha com pretensão assinalar cinquenta anos de carreira dos Stones ligando também a carreira destes a Portugal, tendo-o feito com uma edição muito exuberante e graficamente apelativa.
Já não bastava Dan Brown, Daniel Silva e J. K. Rowling entre outros “best-sellers” e eis que rola maior pedra no prato, os Stones a assombrar o melhor que até hoje se escreveu sobre Beatles em Portugal, deixando este um pouco em “exile on main street”

Espero ter sido esclarecedor.

Anónimo disse...

Eu, por mim, não conheço e, para dizer a verdade, nem estou interessado em conhecer. Gostos...

dmt disse...

Concordo basicamente com tudo o que diz o JR. A união de esforços seria muito mais proveitosa nem que fosse apenas com alguns reparos como os que aparecem no post. Já agora: 1-s 2ª TL gosta de Beatles o que já é importante; 2-era interessante saber como aconteceu uma traição/atentado num período curtíssimo entre a cedência de um texto introdutório para um livro e a edição do mesmo.