Na primeira metade dos anos 60, tal como um pouco por toda a Europa, também em Portugal se vivia a euforia do Rhythm and Blues, a Cultura Mod e a British Invasion. Por isso, começaram a surgir conjuntos de Rock e Ié-ié numa tentativa de copiar o que se fazia lá fora. Mas, para tocarem ao vivo, aqueles tinham de actuar em bailes.
E Portalegre também entrou nessa onda. Decorriam as férias grandes de 64. Um grupo de estudantes do Liceu e do Colégio de Santo António junta-se na cave da residência do Tozé (mais tarde conhecida pelo CAVÔ). Aqui, começaram a surgir os primeiros acordes daquele que mais tarde viria a ser conhecido como o Conjunto Académico Os Atlas.
Como não era fácil adquirir equipamento, utilizaram-se as violas acústicas munidas de pastilhas (pickups) e ligadas aos rádios (telefonias como eram conhecidos). Original foi sem dúvida a bateria. Era composta por tambores comprados na Feira, ópticas de faróis de automóvel (que serviam de pratos) e o bombo (o fundo de uma cadeira sem os pés da frente).
O primeiro contacto com um equipamento musical (bateria e guitarras eléctricas) só aconteceu em meados de Setembro, nas instalações do Colégio de Santo António, ao passo que a primeira aparição pública só ocorreu no dia 10 de Outubro de 1964, no Auditório do Seminário de Portalegre.
Perante mais de três centenas de entusiásticos espectadores, na sua maioria jovens e adolescentes, o Tozé (bateria), o Serra (viola solo), o Jesus (viola baixo) e o Morujo (viola ritmo) interpretaram mais de uma dezena de temas dos conjuntos britânicos Shadows, Animals, Rolling Stones e Beatles.
Entretanto, em meados de 1965, Vasco Morgado tinha iniciado a promoção de um Concurso Nacional de Conjuntos Ié-Ié, que ocorria em Lisboa aos sábados, em duas sessões. No cartaz, afixado no exterior e no palco do Teatro Monumental, podia-se ler a seguinte frase “A juventude pode ser alegre sem ser irreverente”.
Inevitavelmente, seguiu-se a ida ao Concurso Ié-Ié, no dia 27 de Novembro de 1965 (14ª eliminatória). O grupo animou muitos bailes no Alto Alentejo e durou até ao inicio da década de 70, já com outra formação.
Colaboração de um viajante anónimo deste blogue
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