domingo, 17 de julho de 2011

WHEN I'M 64


Visitar Liverpool pela 12ª vez é tão excitante como da primeira. Mais. É irrepetível quando o propósito é abrir uma garrafa de vinho pelos 64 anos.

Sim, e eu trouxe a garrafa, vazia, mas trouxe, um vinho chileno, Luís Felipe Edwards, embrulhada no saco da lavandaria do Hard Day's Night Hotel.

A primeira vez ocorreu em 1988 para uma Convenção dos Beatles e, desde então, Liverpool é outra cidade.

Foram os Beatles que a puseram no mapa, mas hoje em dia há vida em Liverpool para além dos Beatles.

Outrora deprimida e deprimente pela falência do porto marítimo e indústrias conexas, Liverpool é hoje porém uma cidade pujante, alegre e divertida, moderna, de novo virada para a zona ribeirinha que lhe deu fama.

2008 foi o ano-chave com a cidade a protagonizar a capital europeia da cultura. É visível o lastro, como já tinha sido em 94 com Lisboa.

Ringo foi inaugurar um magnífico duplo pavilhão multiusos exactamente no mesmo local, antes inóspito, onde Paul tinha terminado em 2003 uma das suas últimas digressões mundiais - Kings Dock, junto ao Mersey e a Albert Dock, uma das mais celebradas recuperações urbanísticas ribeirinhas de que a Europa jamais conheceu.

Yoko Ono inaugurou o Liverpool John Lennon Airport - above us only sky - e Cynthia um monumento à Paz, dedicado a John Lennon, na nova centralidade de Liverpool que faz a ligação da cidade velha à zona ribeirinha.

Dia 19 é inaugurado o Museu de Liverpool, também à beira do Mersey, da autoria de gabinetes de arquitectura da Dinamarca (3XN) e de Manchester (AEW), junto de outro belo edifício, o novo cais dos ferries, inaugurado há dois anos e onde também funciona uma extensão da Beatles Story, com uma exposição de 37 fotos inéditas dos Beatles que o seu autor, Paul Berriff, tinha esquecidas há 50 anos no seu sótão.

Há vida em Liverpool para além dos Beatles? Claro que há, mas uma vida em Liverpool sem os Beatles não seria a mesma coisa.

Regresso rendido ao vigor, à vontade de Liverpool, mas também desalentado com alguns danos colaterais do desenvolvimento da cidade.

O primeiro tem a ver com o desaparecimento da Hessy's, onde John Lennon comprou a sua primeira guitarra. Era uma espécie de "Gouveia Machado", onde os músicos compravam guitarras a perder de vista e ainda recebiam uma lição grátis de acordes.

Ainda a cheguei a ver nos anos 80, mas já não existe!

O segundo dano é mais incompreensível: desapareceu a primeira estrofe de "In My Life" que Cynthia tinha mandado gravar num tijolo da Cavern Walks, um centro comercial em Matthew Street desenhado por si em homenagem a Lennon.

Mas Liverpool não morreu, nem morre.

E nos meus 64 anos, o que eu queria mesmo era ser surpreendido e Liverpool fez-me a vontade.

Não quero ser enfadonho com as minhas novas descobertas: a placa na maternidade onde John Lennon nasceu, o local exacto, agora assinalado, da Cavern original, o primeiro pub de John e Stu, perto do colégio de arte, Ye Cracke, o Hard Day's Night Hotel (onde não há nada para gamar), o estúdio onde John, Paul e George gravaram "In Spite Of All The Danger"...

Já tenho planos para novas deslocações!

Mas a grande lacuna de Liverpool é a ausência de um Hard Rock Café!

Nem se compreende que no local onde tudo começou não exista ainda esse templo de gastronomia e memorabilia rock!

E a Teresa é a melhor guia!

LPA

11 comentários:

Abel Rosa disse...

Queremos mais reportagens e histórias de Liddypool...aceita-se marcação!

Muleta disse...

uélkóme béque

JC disse...

Mtºs parabéns pelos 64 anos.
Abraço e diverte-te.

ié-ié disse...

Gracias, compañeros!

LT

Jack Kerouac disse...

Então e o Ferry, sempre foste ? Já me deixaste com vontade de lá voltar, um dia destes marca-se um almoço do Yéyé por lá...

gps disse...

O Raul Meireles joga no Liverpool

Congratulations

ié-ié disse...

Fiz o ferrie na 6ª feira, um dia cheio de sol! Tive sorte! Era um dos objectivos da viagem...

LT

Karocha disse...

Parabéns LT
Abraço
Karocha

Zeca do Rock disse...

Pensei que a história dos sixty four era brincadeira, por isso, embora com atraso, aqui vai um abração de parabéns em meu nome e da Heather!

ié-ié disse...

Obrigado, Karocha, obrigado, Zeca, um beijinho à Heather!

LT

LSO disse...

Parabéns!
Deixa lá essa história dos 64 que toda a gente sabe que são 46!