segunda-feira, 31 de maio de 2010

O MAIS MODERNO DA EUROPA


Os portugueses sempre tiveram a mania das grandezas!

Nas vésperas do 25 de Abril de 1974, em Fevereiro, a Rádio Triunfo inaugurou em Lisboa, na Estrada da Luz, onde hoje é o Namouche, o que apelidou ser "o mais moderno estúdio (de gravação) europeu".

Os novos estúdios (são efectivamente dois, um gigante, capaz de acolher uma orquestra sinfónica, com 11x12x5 metros, e outro mais pequeno, com 2,70x2,30x2,30 metros) oferecem à Rádio Triunfo a possibilidade de completar o ciclo do seu equipamento, o que a torna totalmente autosuficiente.

Dispondo de uma rede de distribuição nacional, de três estabelecimentos próprios (dois no Porto e um em Lisboa), da representação de mais de centena e meia de etiquetas de renome internacional, de edições musicais (Triunfo), de três fábricas actualizadíssimas (uma de prensagem, outra de matrizes e corte de acetatos e uma terceira de cartuchos e cassettes), além das instalações em Angola (Rua Luís de Camões, em Luanda, e Fadiang - Fábrica de Discos Angolana, em Silva Porto), e Moçambique (Somodiscos - Sociedade Moçambicana de Discos, em Lourenço Marques, Avenida Paiva de Andrade), o que lhe confere uma dimensão intercontinental, falatava à Rádio Triunfo o último elo da sua grande cadeia de produtora.

in "Alvorada", Fevereiro de 1974, e "Flama", de 01 de Março de 1974

20 comentários:

  1. A Rádio Triunfo é responsável por vários atentados à qualidade mínima que um produto musical, em disco, deve ter.

    Quando lia a etiqueta, na capa dos discos, ficava logo desapontado. Tenho vários LP´s da Rádio Triunfo, com capas sempre piores que as originais, papelão com celofane mal colado, com imagens esborratadas e desmerecedor das imagens originais.

    Os vinis, então, nem se fala. Mal prensados, mal produzidos, com um som, muitas vezes atrás do original. Enfim, não sei que mais dizer de mal da Rádio Triunfo, sem que lhe possa conceder benefícios de alguma qualidade.

    Assim, só posso desejar um feliz repouso, à Rádio Triunfo.

    Estarei a ser injusto e desconhecedor de alguma qualidade escondida?

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  2. atraves da etiqueta orfeu, editou obras de interpretes "malditos" ou proibidos.... casos de josé afonso, adriano e tantos outros

    só essa atitude revela coragem, merecedora de elogios, embora concorde que a qualidade de algumas prensagens fosse muito duvidosa......

    mas no final dos anos 60 era uma das editoras que mais discos de malta portuguesa lançava no mercado.... desde os titãs a josé afonso

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  3. Era realmente verdade, José. Também eu deixei de comprar muito disco só por vir lá o selo da Triunfo.

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  4. É verdade, José, tem toda a razão. Os discos da Rádio Triunfo são de fugir. Excepção à regra, que eu conheça, somente a edição de "Love You Live" (1977) dos Stones. Capa muito bem acabada, e prensagem bastante boa.

    (Ié-Ié, estes estúdios não foram transformados no Namouche? Ou a localização é outra?)

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  5. A primeira surpresa agradável na produção nacional de discos, surgiu, no início dos oitenta, com a Vimúsica.

    O primeiro disco que comprei com dinheiro ganho pelo meu trabalho, foi o Movement, dos New Order, em prensagem nacional ( ou assim me parece), da Vimúsica. Bom disco, boa sonoridade, boa capa, que nada fica atrás da versão original.

    Os espanhóis, no entanto e por essa altura ( 1980), davam cartas. A versão do disco dos Scritti Politti, Provision, de final dos anos oitenta, tem uma capa de luxo asiático. Por cá, é uma cartolina qualquer.

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  6. Gostei dessa expressão, José, "capa de luxo asiático"... genial!!!

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  7. http://anos80.no.sapo.pt/estudios.htm

    Em 1969, José Fortes foi convidado para dirigir os estúdios de Lisboa da Rádio Triunfo. Onde esteve cerca de 10 anos.

    Neste estúdio gravavam os nomes da editora Orfeu/Rádio Triunfo. Moreno Pinto foi um dos técnicos ligados a estes estúdios.

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  8. Não conheco muito bem as ligações entre Arnaldo Trindade/Orfeu/Rádio Triunfo.

    A Rádio Triunfo parece que tinha a ver com a Igreja Católica. Mais tarde foi comprada pela Arnaldo Trindade. A Orfeu tem muitos nomes importantes mas depois foi usada como etiqueta da Rádio Triunfo (José Cid e outros nomes mais populares). Foi â falência em 1985 ou 1986. Ainda me lembro de ler as várias notícias do Blitz a dizer que as editoras estrangeiras iriam deixar de ser representadas pela RT.

    A Vimúsica ficou muito mal vista porque foi rapidamente à falência, com discos por editar e direitos por pagar. Na net há vários relatos do conceito que o dono da Factory tinha das editoras nacionais, a começar pela Vimusica

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  9. Na cruzada distinguiu-se ainda o Dr. Abel Varzim, cuja vida seguiria de pois ao lado e solidária com a do Monsenhor Lopes da Cruz. Com o Irmão José Varzim e um terceiro, fundaria mais tarde a Rádio Triunfo, editora de discos

    http://www.eseq.pt/sites_de_terceiros/trab_profs/lopes_da_cruz.htm


    A Rádio Triunfo

    A fábrica de discos da Rádio Triunfo foi inaugurada em 1947, até essa data todos os discos comerciais em Portugal eram importados. Mas a história da RT começa um ano antes, no dia 23 de Março de 1946 - fez ontem 59 anos - quando, na cidade do Porto, foi constituída a Rádio Triunfo, Ldª. Os seus fundadores foram Rogério de Seixas Costa Leal, José Cândido Varzim da Cunha e Silva e Manuel Lopes da Cruz.

    De inicio a fábrica da RT apenas prensava discos de 78 rpm, com estampadores em cobre feitos no estrangeiro, mediante os originais de fita magnética que eram gravados nos estúdios da Emissora Nacional. Só em 1957 é que a Rádio Triunfo passa a produzir em Portugal as matrizes de cobre.

    Com o passar dos anos a empresa construiu vários estúdios de gravação, abriu lojas de discos no Porto (nas Ruas de Santa Catarina e Santo António) e em Lisboa (na Rua do Carmo), e passou a representar várias editoras estrangeiras. Faziam parte do seu catálogo nomes como Amália Rodrigues, João Vilaret, Carlos do Carmo, Tony de Matos, Zeca Afonso, UHF, entre muitos outros artistas nacionais e estrangeiros.

    No final dos anos oitenta, a Rádio Triunfo, Ldª desaparecia, pois foi adquirida pela Sony Music.

    http://telefonia.weblogger.terra.com.br/200503_telefonia_arquivo.htm

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  10. Sim, a Namouche fica na estrada da Luz. Já tenho a morada correcta. Um dia destes passo por lá!

    LT

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  11. Caro mblog:

    Onde viu esses pormenores sobre o Paulo Junqueiro? Fazem parte de uma entrevista que lhe fiz aqui há uns anos. Que engraçado! Acho que a vou repôr aqui no blog.

    LT

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  12. No comentário que então produzi fui algo injusto porque depois disso reparei que tenho por cá discos da Rádio Triunfo que são bem feitos e com um som muito aceitável.

    Por exemplo o Best of The Doors de 1976.

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  13. Existem discos que com o encerramento da RT também se eclipsaram. Nem o "Persona Non Grata" dos UHF existe em CD...

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  14. O "London Calling" dos THE CLASH era da Rádio Triunfo e tinha boa prensagem e boa capa.

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  15. E como acabou a Rádio Triunfo? Alguém sabe?

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  16. "Fadiang - Fábrica de Discos Angolana, em Silva Porto", como o nome indica, Angola e não Moçambique- como o texto indica.

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  17. http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1571170

    A Fábrica Portuguesa de Discos da Rádio Triunfo, em S. Mamede de Infesta, foi a primeira do género a laborar em Portugal. Funcionou entre 1947 e 1986.

    Em 1982, o proprietário e fundador Rogério Leal faleceu e a fábrica foi adquirida por Arnaldo Trindade e José Marques Serafim.

    [Penso que é aqui é que aparece a ligação Orfeu - RT]

    Num espaço de um, dois anos, os exemplares em vinil foram pura e simplesmente varridos das prateleiras das lojas de discos para dar lugar aos CD.

    Foi assim que, a 14 de Março de 1986, a Fábrica Portuguesa de Discos viu-se obrigada a encerrar as portas.

    [deve ter mais a ver com a importação de discos da CEE já que o CD ainda demorou alguns anos a impôr-se. Também existiu uma polémica que fez que com que a editora RT fosse expulsa da associação de editoras]

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Lamento, mas tenho de introduzir esta chatice dos caracteres. É que estou a ser permanentemente invadido por spam. Peço paciência. Obrigado!