domingo, 24 de maio de 2009

COM AS MINHAS TAMANQUINHAS


ORFEU - STAT 036 - 1976

Lado A

Os Fantoches de Kissinger - Teresa Torga - Os Índios da Meia-Praia - O Homem da Gaita - No Dia da Unidade

Lado B

Com As Minhas Tamanquinhas - Chula da Póvoa - Como Se Faz Um Canalha - Em Terras de Trás-Os-Montes - Alípio de Freitas

Nono LP da discografia de José Afonso, com as colaborações de Cecília Barreira, Fausto, Fernando Gonzalez, José Luís Iglésias, José Niza, Júlio Pereira, Luís Duarte, Michel Delaporte, Quim Barreiros (sim, esse mesmo!), Ramon Galarza e Vitorino (por ordem alfabética).

Orientação musical de José Afonso e som de Manuel Cunha e Moreno Pinto, capa de João de Azevedo. Produtor delegado, José Niza.

José Afonso dizia, num misto de provocação e de grande coerência, ser este o seu melhor disco.

13 comentários:

  1. E é de facto um belo disco! Mas a crítica da época escolheu-o como pior álbum do ano... Enfim...

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  2. C/ razão: é talvez mesmo o pior disco de José Afonso e dele esperava-se sempre o excelente.

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  3. Mesmo que seja o pior disco dele, não era decerto o pior de 1976...

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  4. Essas nomeações contêm em si sempre mtº de simbólico.

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  5. Este disco de José Afonso tem duas canções de génio: os índios da meia praia e O homem da gaita.

    Este último podia perfeitamente integrar o LP Venham mais cinco.

    De resto é um disco panfletário, comunista onde nem falta a Chula da Póvoa para o provar.

    "O meu primeiro-ministo já mandá merda os oprários"...

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  6. José: há discos "panfletários", "comunistas", mas c/ qualidade. Vidé o GAC, p. ex., ou algumas canções de Paco Ibañez, José Mário Branco, de alguma canção de texto francesa, etc. Ou, se quiser, agora no campo dos nazi-fascismos, os hinos da falange ("Cara Al Sol") ou do NSDAP ("Horst Wessel Lied"). Cumprimentos

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  7. Do blog do Samuel cantigueiro

    Praticamente no início deste blog, há já quase um ano, disse que o disco “Com as tamanquinhas do Zeca” era de entre todos os que foram sendo feitos com as suas cantigas (pelos mais variados artistas) o meu preferido.

    Ainda não mudei de opinião. O disco é do grupo “Couple Coffee”. O grupo tem duas almas gémeas, o baixista Norton Daiello e Luanda Cozetti.



    Nesta altura dos acontecimentos, já todos os meus visitantes e amigos sabem quem é (e quem foi) Alípio de Freitas. Português, ex-sacerdote católico, emigrado para o Brasil, onde “tantas fez” que acabou na prisão por duas vezes. Da segunda, foi condenado pela ditadura brasileira a mais de cem anos de prisão, dos quais, apesar da tortura, felizmente só cumpriria nove. Hoje (entre outras coisas) é o presidente da Associação José Afonso.

    No seu disco, “Com as minhas tamanquinhas”, o Zeca incluiu a cantiga “Alípio de Freitas”, onde conta a história deste homem, que apenas viria a conhecer em 1980.

    O que nem todos ainda sabem é que a Luanda Cozetti é filha dele.

    No seu disco, os “Couple Coffee” não incluíram esta cantiga. Aliás, a Luanda raramente a canta, pois tem dificuldade em chegar ao fim sem ter a voz embargada…

    Esta é pois uma gravação rara, que conta ainda com o músico convidado Júlio Pereira, que muitos caminhos calcorreou acompanhando o Zeca.



    Fiquem então com “Alípio de Freitas”, na voz da “miúda da canção”, como um dia lhe chamou o Zeca ("Com a companheira e a filha, Caiu nas garras da CIA").

    Espero que gostem… Bom Domingo!


    Alípio de Freitas
    (José Afonso)

    Baía de Guanabara
    Santa Cruz na fortaleza
    Está preso Alípio de Freitas
    Homem de grande firmeza

    Em Maio de mil setenta
    Numa casa clandestina
    Com a companheira e a filha
    Caiu nas garras da CIA

    Diz Alípio à nossa gente:
    "Quero que saibam aí
    Que no Brasil já morreram
    Na tortura mais de mil

    Ao lado dos explorados
    No combate à opressão
    Não me importa que me matem
    Outros amigos virão"

    Lá no sertão nordestino
    Terra de tanta pobreza
    Com Francisco Julião
    Forma as ligas camponesas

    Na prisão de Tiradentes
    Depois da greve da fome
    Em mais de cinco masmorras
    Não há tortura que o dome

    Fascistas da mesma igualha
    (Ao tempo Carlos Lacerda)
    Sabei que o povo não falha
    Seja aqui ou outra terra

    Em Santa Cruz há um monstro
    (Só não vê quem não tem vista
    Deu sete voltas à terra
    Chamaram-lhe imperialista

    Baía da Guanabara
    Santa Cruz na fortaleza
    Está preso Alípio de Freitas
    Homem de grande firmeza.

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  8. JC:

    Não sou eu quem diz o contrário.

    Gosto muito dos dois discos do José Mário Branco que ouço frequentemente. Sei-o comunista mas não me incomoda, porque a música não tem ideologia.

    Quanto aos grupos esquerdistas como o GAC, idem aspas. E a Brigada Vítor Jara ( comunista morto no Chile pela "reacção" de Pinochet) idem aspas aspas.

    Não distiungo a arte ideologia, mesmo que alguns o façam e achem-na burguesa e maltesa, às vezes.

    Gosto muito dos cartazes revolucionários da URSS dos anos 30 e de um certo futurismo negacionista e realista.

    Gosto também de Marinetti que não era nada disso.

    E até gosto das banda desenhadas chinesas do tempo da REvolução e que cheguei a ter um caderno editado por cá no tempo do PREC. Perdi-o algures e sinto pena disso.

    Portanto, o José Afonso, para mim, é um artista dos maiores portugueses e que merece o destaque por isso.

    Mas não aplaudo o discurso de panfleto.

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  9. Está lá dito no post: a capa é de João de Azevedo.

    LT

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  10. Gosto especialmente da música e voz de Jean Ferrat que é um comunista francês que cantava Aragon.

    "Le poète a toujours raison.
    Qui voit plus haut que l´horizon
    Je déclare avec Aragon:
    La femme est l´avenir de l´homme."

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  11. falta etiqueta Quim Barreiros :(

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  12. Henry Kissinger, Furth, 1923

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Lamento, mas tenho de introduzir esta chatice dos caracteres. É que estou a ser permanentemente invadido por spam. Peço paciência. Obrigado!