segunda-feira, 10 de novembro de 2008

CANTARES DO ANDARILHO


ORFEU - STAT 002 - 1968

Natal dos Simples - Balada do Sino - Resineiro Engraçado - Canção de Embalar - O Cavaleiro e o Anjo - Saudadinha - O Teto na Montanha - Endechas a Bárbara Escrava - Chamaram-me Cigano - Senhora do Almortão - Vejam Bem - Cantares do Andarilho

A noite das lágrimas e da raiva. A madrugada das carícias e do sorriso. O dia claro da festa colectiva. Tudo isso se encontra na poesia cantada de José Afonso, cantada por José Afonso.

A luminosa gargalhada do povo, o seu suor de sangue, nas horas de esforço ingrato e de absurda expiação.

O lirismo primaveril e feminino das bailias que não morreram. E o orvalho da esperança. E os ecos de um grande coro de fraternidade sonhada e assumida.

José Afonso, trovador, é o mais puro veio de água que torna o presente em futuro, que à tradição arranca a chama do amanhã.

No tumulto da contestação, na marcha de mãos dadas, com flores entre os lábios, é ele a figura de proa, o arauto, o aedo, o humilde, o múltiplo, o doce, o soberbo cantador da revolta e da bonança.

Singelo José Afonso do Algarve doirado, dos barcos de vela panda, do Alentejo infinito sem redenção, dos pinhais da melancolia, dos amores sem medida, do sabor de ser irmão...

José Afonso é a primeira voz da massa que avança em lume de vaga, é a mais alta crista e a mais terna faúlha de luar na praia cólera da poesia, da balada nova.

Urbano Tavares Rodrigues

3 comentários:

Lamento, mas tenho de introduzir esta chatice dos caracteres. É que estou a ser permanentemente invadido por spam. Peço paciência. Obrigado!