quarta-feira, 22 de novembro de 2017

SMITHS BY GIN-TONIC


ROUGH TRADE RECORDS - TM/RT 61

Face A

Reel Around The Fountain – You’ve Got Everything Now – Miserable Lie – Pretty Girls Make Graves – The Hand That Rocks The Cradle

Face B

Still Ill – Hand In Glove – What Difference Does It Make? I Don’t Owe You Anything – Suffer Little Children

Sabe-se que a ignorância tem o seu quê de atrevido.

Baseado no chavão, traz aqui um disco com uma história agarrada.

O disco encontrou-o no meio da muita tralha que por aqui jaz.

Voltas à cabeça, como é que aparece este disco quando ele, para além do conhecimento do nome, sem qualquer dose de exagero, dirá que nunca ouviu uma canção dos ditos e que a Wikipédia, num flash de 0,58 segundos, lhe deu 10.600.000 resultados e avisa que, segundo os críticos se trata da mais importante banda de rock alternativo a surgir nos anos 80.

Destes rapazes, lembra uma história que, em noite de flutes de espumante adiantada, Luís Mira lhe contou.

Mira, na primeira metade desses anos 80, tirava o curso de Sociologia no ISCTE.

Na cadeira de Sociologia Política, tinha, como assistente, Miguel Esteves Cardoso (credo! - nota do editor).

Certa noite, a meio de uma aula, tinha o disco acabado de sair, o MEC virou-se para a turma, e, com a mesma leviandade com que, no «Fugas» do «Público» dá receitas de cocktails, disse:

Deitem fora toda a vossa discoteca e fiquem apenas com The Smiths.

Por músicas, não lancem qualquer tipo de desafio ao Mira, que ele aceita num abrir e fechar de olhos.

Comprou o disco.

Não precisou de muito tempo para achar a coisa simplesmente horrorosa, e despachou-a.

Lembra a história, mas sem qualquer ideia de o Mira lhe ter passado a bola.

Investigação agora feita, soube que o Mira dera o disco não a ele, mas ao filho.

Quando o rapaz saiu da casa paterna, entre outras coisas também deixou o disco dos Smiths: este!

À memória desvalida, salta-lhe o que, em medíocre apresentação, disse ao dono do Kioske: que era mais de livros do que de músicas e estas lhe iam de Vivaldi ao Conjunto da Maria Albertina.

Os Smiths não moravam nesse comprimento de gostos.

Para que conste!

Texto de Gin-Tonic

Nota do editor:
nem tanto ao mar (MEC), nem tanto à terra (Mira).

2 comentários:

Rato disse...

Toda a razão! Os Smiths apresentavam um dos mais entediantes e insuportáveis dos sons. Foram por isso um dos grupos mais sobrevalorizados de que há memória. Confesso que na altura também me "deixei levar", por Mecs e Companhia. Mas rapidamente lhes apontei o olho da rua como irreversível destino.

ié-ié disse...

ah! ah! gosto deste LP (sem exageros) e gosto das capas dos outros.

LPA