sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

JOSÉ AFONSO, MÚSICO!


A Orfeu (Movieplay) vai reeditar a partir de Abril e até Abril de 2013 a obra discográfica de José Afonso, revela hoje a revista "Blitz".

No dia 23 de Fevereiro pf passam 25 anos sobre a morte do poeta e músico.

A ideia, segundo Gonçalo Frota, autor das notas da reedição, é a de realçar José Afonso como músico genial e já não tanto como "ícone da resistência política".

"O objectivo - disse Gonçalo Frota à "Blitz" - é que a discografia do Zeca possa ser libertada desse peso histórico".

"Parece que a fatalidade prende o Zeca a esse campo do combate político. Espera-se que uma nova geração descubra o Zeca enquanto músico e não enquanto referência para ilustrar as reportagens sobre como a cantiga ainda é uma arma. É devolver o Zeca e a música do Zeca às pessoas", considera.

Idêntica opinião tem José Mário Branco, primeiro responsável pela modernização de José Afonso, a partir de "Cantigas do Maio" (1971).

Para José Mário Branco, "Tony Carreira e Marco Paulo até intervêm muito mais do que o Zeca ou qualquer outro".

A título de curiosidade, António Calvário acaba de regravar para a Rádio Renascença "Mocidade, Mocidade" com o título "Austeridade, Austeridade", lembrando que é a sua estreia na "canção de intervenção".

Não se prevê que a reedição da obra de José Afonso contenha alguma gravação inédita e/ou rara.

10 comentários:

Jack Kerouac disse...

Que disparate ! Não teu, LPA, mas de quem escreveu o que aí está. Zeca Afonso não está preso a nada por fatalidade, a sua história é o que é, e foi por opção própria. Mas desde quando é que estar associado à "resistência política" tem uma carga negativa ? Se o próprio Zeca Afonso entendeu em determinada altura que o seu papel seria mais importante no campo da luta política do que na música ? Essa reedição já começa mal.

carlos disse...

Concordo com Kerouac.
E que vai acrescentar à última reedição, organizada pelo José Niza?
E que quer dizer O JMB com essa da intervenção dos outros 2 senhores? Se calhar por isso é que diz que a televisão é uma arma...

filhote disse...

"Fatalidade" talvez seja uma palavra mal escolhida neste contexto.

No entanto, entendo o argumento defendido pela reedição no sentido em que conheço dezenas e dezenas de pessoas que não ouvem/conhecem José Afonso por rejeitarem o seu trajecto político.

Obviamente, falo de pessoas ainda reféns de preconceitos e alergias do tempo da velha senhora...

Ou seja, é legítimo o desejo de uma editora que a obra do artista chegue a um novo público. Por mais que, neste caso, isso nos pareça despropositado - não deixa de o ser.

Jack Kerouac disse...

O mal então é dessas pessoas, e de quem criou e alimenta esses preconceitos. A obra de Zeca Afonso é aquela, retirar-lhe o contexto é que é criminoso. Vamos fazer de conta que os "Vampiros" é uma música sobre mamíferos voadores ? Isso tornaria a letra ridícula.

ié-ié disse...

Tendo para a opinião do Filhote. O próprio José Afonso abominava o aproveitamento político-partidário que dele faziam. Como quer que seja, os mais esclarecidos sabem bem quem foi José Afonso. E não vem mal ao Mundo, pelo contrário, se José Afonso fôr agora apresentado "mais despoluído", mais músico, mais poeta, digamos assim.

LT

LSO disse...

Também tendo para a opinião do Filhote. :-)

Jack Kerouac disse...

Bem, eu não, mas por outro lado estou curioso para ver como vão conseguir apresentar a obra de Zeca Afonso, não direi despoluída, porque ela nunca foi poluída, mas retirando-lhe a carga ideológica que inspirou grande parte da mesma. Até porque é algo que está nas próprias canções, e não em nenhum manifesto que conste nos discos ou nas suas capas. E quando falo em carga ideológica, refiro-me aos ideais do próprio, que ele abominaria quase tanto o seu aproveitamento partidário, como o aproveitamento comercial de uma editora, ainda mais quando esta se propõe à utópica tarefa de o apresentar despido do seu idealismo.

filhote disse...

Companheiro Kerouac, sempre podes interpretar esta reedição como um Cavalo de Troia...

Leonardo disse...

Gostava muito, como admirador de Rui Pato, de conhecedor estas gravações, assim como do Ilha Nua, será que há alguma possibilidade?

ié-ié disse...

Envie-me um endereço de email para luistita@gmail.com. Posso arranjar alguma coisa de Rui Pato.

LT