Texto lido por Cândido Mota aos microfomes do FM estereo do Rádio Clube Português no dia 06 de Março de 1968:
No dia 01 de Abril de 1965 este programa iniciou a sua transmissão regular. Desde esse dia que temos vindo a dedicar-nos, praticamente em exclusivo, à divulgação, à selecção, à explicação e ao enquadramento das formas mais representativas de música popular de expressão inglesa.
Dos que nos escutam, muitos certamente recordam que era então o tempo de uma heterogénea e atabalhoada transmissão de gravações estrangeiras de toda a ordem e de todas as categorias, com o predomínio incontestável em tudo quanto de pior vinha de França.
Era a Vartan, o Johnny, o Anthony, o François, o Alamo. Eram uns cantores de voz doce do género Barrière, fotocópias imperfeitas de um Aznavour em plena e justificada glória.
Começámos então, nós, a divulgar um som praticamente inédito, em exclusivo, porque nos pareceu, como ainda nos parece ainda hoje, que a música popular anglo-americana contém em si mesma a amplitude de temas, de géneros e de sonoridades suficientes para não fatigar.
Além disso, nós desde logo contámos com a sua evolução própria e pretendemos acompanhá-la no que ela tivesse de válido, de representativo, de permanente.
E foi o que sucedeu. O "Em Órbita" de hoje é completamente diferente do "Em Órbita" do dia 01 de Abril de 1965. Nós, pelo nosso lado, procurámos evoluir. Mas principalmente quem evoluiu foram os criadores da produção musical que aqui se transmite.
Ora bem. Assiste-se hoje na rádio portuguesa a um fenómeno curioso. Os arautos dos "programas para todos os gostos" alinham hoje numa quase exclusividade que se traduz nesta estatística que nos démos ao trabalho de organizar: 94 % da música popular estrangeira que se transmite em Portugal é de origem inglesa e americana.
Tomámos, por conseguinte, sobre nós a responsabilidade de termos iniciado este movimento. Mas já, por outro lado, somos absolutamente alheios aos efeitos extremamente perniciosos que esse fenómeno está a produzir, em consequência daquilo que sempre temos combatido: o aproveitamento cego, não assimilado, superficial, dos nossos processos.
Não temos culpa nenhuma que tudo o que seja falado em inglês tenha ipso facto lugar a ser transmitido sem preocupações de selecção criteriosa ou de ponderação séria de valor intrínseco.
Por outro lado, e vamos chegar ao ponto que nos interessa, costuma-se atribuir à música que nós aqui transmitimos o epíteto de "música para a juventude".
E como a canção vencedora do recente Festival foi rotulada de canção ao estilo da juventude, aí já nós temos algo a dizer, melhor, a repetir, de modo a desfazer confusões geradas pela pressa furiosa que existe em certos meios de catalogar de sloganizar determinadas realidades.
Sempre proclamámos que a música popular anglo-americana que nós aqui transmitimos vai buscar grande parte do seu valor à sua prodigiosa vitalidade, à sua irreverência, à sua espontaneidade e, fundamentalmente, à sua essencial originalidade.
Ela não é como um produto para o consumo corrente, não é mercadoria, é uma expressão musical de uma realidade que se lhe ajusta perfeitamente e daí a sua autenticidade.
Ora aconteceu que anteontem apurou-se como representante do nosso País para um Festival internacional uma canção que, de portuguesa, só tem o revestimento ("O Verão", de Carlos Mendes - nota deste pseudo-bloguista).
Reflecte ela a procura desmesurada e cega de um som que se usa, que se consome. Aproveitou-se uma cadência rítmica que nos é estranha. Meia dúzia de efeitos de orquestração para impressionar. Uma acentuação melódica aos safanões para lhe dar um tom de pseudo-modernidade, um novo riquismo harmónico para dar que fazer a 45 elementos da orquestra. Depois o intérprete encarregou-se de utilizar todos os tiques que constituem a débil encenação que se pretendeu montar.
Ora o que nós queremos frisar e acentuar é isto: esta canção não é uma canção de juventude, justamente porque lhe falta a autenticidade, a frescura, a originalidade, o toque de irreverência, enfim, tudo o que caracteriza a boa música a que a tal canção vai buscar inspiração.
Deste modo, e em conclusão, se de algum modo contribuímos para a implantação de uma nova moda em Portugal, repudiamos em absoluto tudo o que represente a transposição para música popular portuguesa de elementos que são estranhos a toda a realidade nacional.
A canção vencedora do Festival é o exemplo vivo de uma tendência que é necessário reprimir e combater de uma vez para sempre. A total ausência de espírito criador não merece ser exibida em casa e, muito menos, na Europa.
A macaquiação do estrangeiro não dignifica, antes diminui e enxovalha os que por ela são forçadamente representados.
A terminar, queremos deixar uma nota de muita simpatia pela canção "Balada Para D. Inês". Um tema cuja singeleza, simplicidade e manifesta demonstração de intenção inovadora nas melhores bases merecem que lhe seja dado aqui o devido relevo. Uma interpretação infeliz não lhe retira em nada as suas virtudes intrínsecas.
No dia 01 de Abril de 1965 este programa iniciou a sua transmissão regular. Desde esse dia que temos vindo a dedicar-nos, praticamente em exclusivo, à divulgação, à selecção, à explicação e ao enquadramento das formas mais representativas de música popular de expressão inglesa.
Dos que nos escutam, muitos certamente recordam que era então o tempo de uma heterogénea e atabalhoada transmissão de gravações estrangeiras de toda a ordem e de todas as categorias, com o predomínio incontestável em tudo quanto de pior vinha de França.
Era a Vartan, o Johnny, o Anthony, o François, o Alamo. Eram uns cantores de voz doce do género Barrière, fotocópias imperfeitas de um Aznavour em plena e justificada glória.
Começámos então, nós, a divulgar um som praticamente inédito, em exclusivo, porque nos pareceu, como ainda nos parece ainda hoje, que a música popular anglo-americana contém em si mesma a amplitude de temas, de géneros e de sonoridades suficientes para não fatigar.
Além disso, nós desde logo contámos com a sua evolução própria e pretendemos acompanhá-la no que ela tivesse de válido, de representativo, de permanente.
E foi o que sucedeu. O "Em Órbita" de hoje é completamente diferente do "Em Órbita" do dia 01 de Abril de 1965. Nós, pelo nosso lado, procurámos evoluir. Mas principalmente quem evoluiu foram os criadores da produção musical que aqui se transmite.
Ora bem. Assiste-se hoje na rádio portuguesa a um fenómeno curioso. Os arautos dos "programas para todos os gostos" alinham hoje numa quase exclusividade que se traduz nesta estatística que nos démos ao trabalho de organizar: 94 % da música popular estrangeira que se transmite em Portugal é de origem inglesa e americana.
Tomámos, por conseguinte, sobre nós a responsabilidade de termos iniciado este movimento. Mas já, por outro lado, somos absolutamente alheios aos efeitos extremamente perniciosos que esse fenómeno está a produzir, em consequência daquilo que sempre temos combatido: o aproveitamento cego, não assimilado, superficial, dos nossos processos.
Não temos culpa nenhuma que tudo o que seja falado em inglês tenha ipso facto lugar a ser transmitido sem preocupações de selecção criteriosa ou de ponderação séria de valor intrínseco.
Por outro lado, e vamos chegar ao ponto que nos interessa, costuma-se atribuir à música que nós aqui transmitimos o epíteto de "música para a juventude".
E como a canção vencedora do recente Festival foi rotulada de canção ao estilo da juventude, aí já nós temos algo a dizer, melhor, a repetir, de modo a desfazer confusões geradas pela pressa furiosa que existe em certos meios de catalogar de sloganizar determinadas realidades.
Sempre proclamámos que a música popular anglo-americana que nós aqui transmitimos vai buscar grande parte do seu valor à sua prodigiosa vitalidade, à sua irreverência, à sua espontaneidade e, fundamentalmente, à sua essencial originalidade.
Ela não é como um produto para o consumo corrente, não é mercadoria, é uma expressão musical de uma realidade que se lhe ajusta perfeitamente e daí a sua autenticidade.
Ora aconteceu que anteontem apurou-se como representante do nosso País para um Festival internacional uma canção que, de portuguesa, só tem o revestimento ("O Verão", de Carlos Mendes - nota deste pseudo-bloguista).
Reflecte ela a procura desmesurada e cega de um som que se usa, que se consome. Aproveitou-se uma cadência rítmica que nos é estranha. Meia dúzia de efeitos de orquestração para impressionar. Uma acentuação melódica aos safanões para lhe dar um tom de pseudo-modernidade, um novo riquismo harmónico para dar que fazer a 45 elementos da orquestra. Depois o intérprete encarregou-se de utilizar todos os tiques que constituem a débil encenação que se pretendeu montar.
Ora o que nós queremos frisar e acentuar é isto: esta canção não é uma canção de juventude, justamente porque lhe falta a autenticidade, a frescura, a originalidade, o toque de irreverência, enfim, tudo o que caracteriza a boa música a que a tal canção vai buscar inspiração.
Deste modo, e em conclusão, se de algum modo contribuímos para a implantação de uma nova moda em Portugal, repudiamos em absoluto tudo o que represente a transposição para música popular portuguesa de elementos que são estranhos a toda a realidade nacional.
A canção vencedora do Festival é o exemplo vivo de uma tendência que é necessário reprimir e combater de uma vez para sempre. A total ausência de espírito criador não merece ser exibida em casa e, muito menos, na Europa.
A macaquiação do estrangeiro não dignifica, antes diminui e enxovalha os que por ela são forçadamente representados.
A terminar, queremos deixar uma nota de muita simpatia pela canção "Balada Para D. Inês". Um tema cuja singeleza, simplicidade e manifesta demonstração de intenção inovadora nas melhores bases merecem que lhe seja dado aqui o devido relevo. Uma interpretação infeliz não lhe retira em nada as suas virtudes intrínsecas.
Parabéns a José Cid e ao Quarteto 1111!
10 comentários:
O programa “Em Órbita” foi sem qualquer dúvida uma pedrada no charco do nacional-cançonetismo e outras modas da segunda metade dos anos sessenta, tendo ficado como um marco na história da rádio portuguesa.. No entanto, e pelo exemplo claro deste naco de prosa aqui recordado, o sectarismo deveria ter sido figura de proa nos princípios básicos dos responsáveis pelo programa. Colocar os nomes mais populares da canção francesa daqueles anos num mesmo saco e rotulá-los de “fotocópias imperfeitas de um Aznavour em plena e justificada glória” era no mínimo não ter qualquer noção do que se passava à volta, no universo musical da época. Até porque, e tanto quanto eu sei e me lembro, nenhum daqueles nomes pretendia copiar fosse quem fosse, muito menos um Charles Aznavour que pertencia a uma geração completamente diferente (pelo contrário, foi até o próprio Aznavour que aproximou o seu reportório da nouvelle vague, pois era aí que nessa altura morava a originalidade). O mesmo se aplica à rejeição do “Verão” do Carlos Mendes em prol da “Balada para Dª Inês” do Quarteto 1111, duas emblemáticas canções do ano de 68, cada uma no seu devido lugar.
Felizmente que o tempo, sempre bom conselheiro, se encarregou de trazer para os nossos dias tudo o que de positivo apareceu naqueles anos dourados. Hoje, décadas volvidas, dá-me tanto prazer ouvir a geração do Aznavour (o Bécaud, a Piaf, o Montand, o Reggiani, o Brassens, o Brel…) como a geração dos “Salut Les Copains” (o Adamo, a Françoise, a Sylvie, o Anthony, a Sheila, o Johnny, os Chats Sauvages, eu sei lá…). De igual modo no que toca à música portuguesa, à italiana ou à brasileira, por exemplo. Mas se calhar a culpa é minha que sempre odiei sectarismos ou compartimentos estanques para a música, e a única catalogação que sempre me permiti fazer foi entre a boa e a má música. Para clausuras já existem prisões que cheguem.
O grande problema é daí para a frente, a carreira musical do Cid, ter também enveredado pela macaquiação e pela cedência ao facilitismo.
Ao oásis que foram duas ou três canções bem conseguidas, seguiu-se um deserto de ideias que já dura há perto de 40 anos.
...
Quanto ao comentário anterior do rato, e sem pretender entrar em polémicas, direi que também me desagradam sectarismos, mas ao tempo - e aqui há que ter a noção, que determinado facto tem que ser sempre enquadrado no seu tempo - os produtores do Em Órbita tinham toda a razão. É que eles não se referiam a Brassens, Reggiani ou Ferré, porque esses nunca ou raramente tinham lugar na "nossa" rádio. Quando muito, tinha voz, e de forma selectiva o Jacques Brel. Ouvir canções como A mon dernier repas ou Au suivant, estaria, é claro, fora de questão, qualquer que fosse a antena.
O que estava a dar eram aquelas "covers" miserávelmente traduzidas cantadas por halidays ou claudes françoises (meter a Françoise Hardy ou mesmo o Adamo - de quem nunca gostei, mas de quem respeitava ao menos, a originalidade - no mesmo saco dos outros que, esses sim, macaquiavam, é uma pequena maldade)
Para finalizar, não me parece que estivesse em causa alguma insensibilidade para entender o universo musical de então. Pelo contrário, entendiam-no muito bem, e por tal facto, entenderam fazer algo que fosse contra a corrente vigente. E muito bem, no meu entender.
Subscrevo o escrito do rato.
O Em Órbita no texto dito, era um exemplo não só do sectarismo mas também de um certo voluntarismo desconhecedor.
Achavam que a música americana de 65, 66 nada tinha de comercial!
Percebe-se: ainda não tinham lido o livrito de Steve Chapple e Reebe Garofalo, Rock& Indústria. Aliás, só seria publicado mais dez anos depois, em 1977.
Nessa altura, já Cândido Mota, jurava pelo socialismo para sempre.
O que havia de interessante nos anos sessenta, por outro lado, mesmo na música pimba, era o ecumenismo. França, Itália, Espanha eram países que exportavam cantigas de artistas populares.
Hoje em dia, a pimbalhice reduz-se aos anglo-saxões.
genericamente até estou de acordo com o comentário do rato, mas só porque o estou a ler em 2007.
há 40 anos atrás, eu alinhava com o "Em Órbita", com as óbvias excepções femininas, com especial destaque para Françoise Hardy.
há que contextualizar os dois momentos, separados por 4 décadas.
devia ter uns 20 aninhos, a música que vinha de londres era a minha vida. era a grande novidade, a grande descoberta. tudo o que se afastasse desse universo merecia a minha óbvia reprovação ou, quando muito, indiferença.
eu era de tal maneira apaixonado pelo "Em Órbita" que gravava muitos programas e depois, à mão, passava os textos a papel.
40 anos separam estes dois textos, um escrito à mão e outro 2à computador".
como é vox populi e rato dixit o tempo é bom conselheiro e em 40 anos a minha perspectiva também se alterou embora não radicalmente.
continuo a não gostar de ouvir muita coisa, mas já sou bem mais tolerante em relação a johnny halliday, richard anthony, por exemplo.
O que passei a adorar foram as capas daqueles fantásticos EPs.
Não classifico o texto do "Em Órbita" de "sectário", antes o acho - agora - elitista, arrogante intelectualmente.
Não nos podemos esquecer que o "Em Órbita" era feito por meninos bem, da Linha.
Luís
A questão, na mínha óptica, não tem que ver com o facto de uma música ser ou não comercial. Toda a música é comercial. Ninguém trabalha para aquecer, e todos gostam de ver o seu trabalho reconhecido, e a forma de reconhecimento mais palpável, é ver a obra ser assimilada e consumida pelo público.
A meu ver, o que interessa é se a obra é original, se é inovadora, se é tecnicamente bem estruturada.
Ao contrário do Luís, não olho com saudades para as capas dos discos do Anthony ou do Halliday, até porque nunca comprei discos deles.
Sou saudoso - não saudosista - mas das coisas boas. E essas, para mim e passados quarenta anos, continuam a não ser boas.
Só queria fazer uma referência à frase final do José, àcerca do Cândido Mota. O Cândido Mota era meramente o locutor de serviço, a voz do programa. A sua responsabilidade acabava aí. E apesar de não comungar das suas opções políticas, sempre respeitei o grande profissional que é, e não é de somenos verificar que ao longo da sua já muito longa carreira, o Cândido deu voz a programas que de forma alguma poderão ser conotados com esta ou aquuela corrente política.
Se há coisa de que o Cândido não pode ser acusado é de ter deixado que as suas opções políticas tivessem interferido na sua profissão
Não me apercebi, ao escrevê-lo, que o meu post gerasse alguma polémica. Foi apenas uma reacção ao que li no comunicado publicado e nada mais. Até porque nunca fui ouvinte assíduo do programa. Não porque não gostasse dele, a razão prende-se por distâncias geográficas, pois nesses anos vivia em Lourenço Marques (onde nasci e residi até 1974). Nós em Moçambique tínhamos uma influência muito forte da vizinha África do Sul e por isso não havia a necessidade de um programa nacional com as características do “Em Órbita”. Todas os discos em língua inglesa (provenientes de Inglaterra, Estados Unidos e da própria África do Sul) eram-nos servidos em bandeja de prata numa rádio que fez história: a Estação B da Springbock sul-africana. Todos os domingos à noite, entre as 21.00 e a meia-noite, eram apresentadas as últimas novidades anglo-americanas que depois eram passadas ininterruptamente durante toda a semana, pois a Estação B estava no ar 24 horas por dia. Depois, claro, tínhamos os outros programas da Rádio Clube de Moçambique, uns melhores, outros piores, nos quais ouvíamos todas as francesices ou italianices da altura. Mas claro, a Estação B era sem qualquer sombra de dúvida a predilecta da malta nova. E como não havia televisão todos os momentos de lazer tinham por companhia a rádio ou os discos (dos quais nos abasteciamos aos montes em cada deslocação à África do Sul).
E depois havia um outro factor muito importante: a censura, em Moçambique, era muito mais branda do que aqui, na então chamada metrópole, ou mesmo do que em Angola. Não me perguntem a razão mas isso era uma realidade. Então no aspecto cultural a diferença era abismal. Tirando algumas (poucas) excepções, nós víamos a maior parte dos filmes que eram proibidos em Portugal. Mesmo os cortes que a censura aqui fazia eram enviados juntamente com o resto do filme e depois repostos antes da exibição nas salas de cinema. Há coisas que realmente custa a acreditar que tenham acontecido.
No cenário musical era a mesma coisa, sobretudo no respeitante à música portuguesa. E aconteciam coisas caricatas: quando vínhamos de férias a Portugal era costume trazermos lembranças para familiares e amigos, incluindo caixas de camarão, castanha de caju, capulanas ou artesanato das então chamadas províncias ultramarinas. Eu, claro, trazia os discos que me pediam. Por exemplo, e já que o Quarteto 1111 parece voltar a estar na moda, o que aconteceu com o primeiro album deles é bem paradigmático. Como se sabe a primeira (e única) edição foi completamente censurada (e destruída), tendo muito poucos exemplares chegado às discotecas (e os que chegaram foram apreendidos pouco depois). No entanto, a remessa do album para Moçambique seguiu as vias normais e cheguei a comprar vários exemplares em LM para os trazer na bagagem naquelas férias de 1970. Felizmente ainda guardo uma cópia original em muito bom estado, que segundo penso deverá ter um valor bastante elevado para os coleccionadores de hoje. Mas é claro que não está à venda…
É possível editar os posts e acertar pequenos erros de digitação.
Reparei agora que neste aparece micro-fomes.
(um leitor +/- assíduo)
o "Em Órbita" tinha uma estética musical própria, não saía dela e o máximo que permitiu foi a excepção (toda a regra a tem) relativa ao 1111.
mas acho que não podemos, como diz o autor deste excelente bog, estar a julgar coisas que se passaram há 40 anos com os olhos de hoje, necessáriamente diferentes dos nossos olhos nos anos 60, mesmo que tenhamos muitas saudades desses tempos.
por exemplo, era tão fanático com os Beatles que automaticamente detestava quem os tirava do 1º lugar de vendas. Fosse quem fosse!!!
Também hoje me delicio com cançoes do richard anthony, françoise hardy e outros franceses do "Salut les Copains" de que não gostava naqueles tempos...
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